A história do fogo de artifício que vemos no céu

A história do fogo de artifício que vemos no céu

Agosto é sinónimo de romarias, festa, santos populares, farturas e carrosséis. E também de foguetes e derivados, disparados contra as estrelas para encantar olhares e marcar datas importantes.

Tudo começou com o “Huo Yao”

Foi na China que o céu começou a ser enfeitado. Tudo graças a um alquimista que, pelos vistos por engano, há cerca de dois mil anos, teve a ideia de misturar salitre (nitrato de potássio), enxofre e carvão. Uma “poção” que depois de seca deu origem a um pó preto capaz de gerar chamas e fumaça. Assim nasceu o “Huo Yao”, o nome chinês para “fogo químico”, mais tarde apelidado de pólvora.

Na época os chineses colocavam o tal “fogo químico” na ponta de bambus, para que o barulho afastasse os espíritos do mal na passagem do ano. Talvez essa seja a melhor explicação da cultura mundial de soltar fogo de artifício nas festas de réveillon.

Esta invenção foi usada para embelezar o céu, mas também para as guerras da época. Só no século XII a pólvora passou a protagonizar os espetáculos pirotécnicos. Inicialmente eram apenas rastilhos que não saíam do chão. Depois, ganharam cor e subiram aos céus. O primeiro registo deste feito situa-se no século XIV para celebrar o “San Giovanni”, na cidade italiana de Florença.

 

O uso do “Fogo Químico” na Europa

Com o passar dos anos, a pólvora foi levada para a Europa e para o Médio Oriente, onde o avanço dos estudos da química deu suporte ao homem para conseguir a arte de desenvolver os atuais fogos de artifício. Na época das epopeias marítimas, os reis gostavam de celebrar com pompa e circunstância, por isso aproveitaram a invenção do “Huo Yao” para marcar feitos e datas importantes.

Por exemplo, o rei britânico Henrique V contratou um artesão para confecionar e disparar fogo químico a partir de um barco no rio Tamisa. Os portugueses não se deixaram ficar para trás. Para celebrar o facto de terem chegado ao Brasil, os exploradores lusos realizaram o primeiro espetáculo de fogo de artifício nos céus em 1500.

Com o tempo, foram surgindo novas tecnologias e estudos para melhorar e aperfeiçoar os produtos, apesar do processo de fabrico se manter artesanal devido ao risco elevado de acidentes no manuseio da carga explosiva.

 

A grande atração está no alto…

No dia 19 de agosto, realiza-se durante a tarde a procissão solene em honra de Nossa Senhora d´Agonia e é retomado o desfile “Vamos para o Festival”, o mesmo acontecendo com os tapetes floridos nas ruas da Ribeira, que durante a madrugada voltam a ser confecionados. A festa, claro, é rematada com um grande espetáculo de fogo de artifício.

 

Explosão de cores

Além do barulho da explosão, uma das coisas que mais nos chama a atenção
é a variação das cores, que depende do elemento químico utilizado na queima.
Por exemplo:

Arsénio – Azul
Sódio – Amarelo
Potássio – Azul ou púrpura
Estrôncio – Vermelho
Magnésio – Branco ou prata
Lítio – Vermelho ou magenta
Bário – Verde
Ferro – Dourado
Cálcio – Amarelo
Alumínio – Branco
Cobre – Verde

 

Texto: Joana M. Soares