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O bicho com patas que dá comichões

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O piolho é um pequeno inseto com seis patas que tem garras para se agarrar ao cabelo. Não tem asas para voar mas anda de cabeça em cabeça.

É um bicho chatinho que dá que fazer. Vive agarrado ao cabelo, causa comichão e não é fácil de derrotar. Visto à lupa, o piolho tem seis patas, cada pata tem uma garra que é usada para se fixar ao cabelo. Só vive na cabeça do ser humano e prefere instalar-se na zona atrás das orelhas e no pescoço.

Manuela Selores, diretora do serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar do Porto e professora no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, revela pormenores sobre este ser indesejado: “O piolho alimenta-se do nosso sangue através de uma boca semelhante a uma pequena tromba. A saliva do piolho ajuda-o a alimentar-se (impede o sangue de coagular enquanto se alimenta) e é responsável pelo prurido (comichão) que aparece no couro cabeludo”.

É tramado, o piolho, e é muito contagioso. Não tem asas para voar, mas passa de cabeça para cabeça. Não sabe nadar, mas resiste muito tempo debaixo de água. “É necessário contacto próximo, cabeça com cabeça, como acontece nos infantários e escolas, para o piolho passar de uma pessoa para a outra”, explica Manuela Selores. O contágio também pode acontecer através da partilha de objetos como pentes, chapéus, gorros e adereços de cabelos como travessões e bandoletes.

O piolho vive, em média, um mês. Um mês de muita comichão. “A fêmea adulta põe cerca de dez ovos (lêndeas) por dia”, adianta Joel Reis, médico interno do Centro Hospitalar do Porto. As lêndeas são brancas, medem menos de um milímetro e são muito resistentes. Multiplicam-se e são teimosas. “Ficam coladas ao cabelo, junto ao couro cabeludo e, ao fim de seis a dez dias, nascem novos piolhos”, acrescenta o médico. E começa novamente o ciclo.

A comichão é a queixa mais comum. No entanto, o piolho pode atacar e os sintomas demorarem umas duas semanas a darem sinal. “Os sintomas, por vezes, pioram à noite porque os piolhos são mais ativos na escuridão. Em alguns casos, a coceira leva a infeções do couro cabeludo que necessitam de outros tratamentos”, refere Manuela Selores.

Como dar cabo deles? Matar à unha dá trabalho e pode não ser 100% eficaz. Há também produtos que se colocam na cabeça que envenenam o piolho. “Recentemente surgiram métodos físicos com princípios ativos oleosos ou com silicone que envolvem o piolho e asfixiam-no. São eficazes e evitam resistências e efeitos laterais, desde que usados de forma correta”, diz a dermatologista.

Mas é preciso atenção aos elementos tóxicos. “Alguns dos tratamentos exigem que sejam repetidos após sete a 14 dias para eliminar os piolhos que nasceram dos ovos depositados, porque os ovos normalmente são mais resistentes ao tratamento que mata os piolhos adultos.” Se nos três dias após o último tratamento ainda houver piolhos vivos, então é preciso repetir o tratamento com outro produto, já que pode haver resistência.

Não é fácil manter a cabeça livre de piolhos, mas há uma regra fundamental. “O mais importante é fazer o tratamento de todos os infestados ao mesmo tempo”, sublinha Joel Reis. É um inseto que, na verdade, dá dores de cabeça.

 

O QUÊ????

  • Pediculus Capitis é o nome técnico do piolho.
  • O piolho sobrevive um a dois dias fora da cabeça, uma vez que não se consegue alimentar. Normalmente, os ovos morrem ao fim de uma semana se não estiverem à temperatura do couro cabeludo.
  • A remoção dos piolhos e lêndeas com pentes de dentes finos não é suficiente para resolver o problema, mas é uma importante ajuda.
  • Tratamentos alternativos, como maionese, vaselina e óleos, não matam o piolho. E o uso de óleos essenciais e perfumes pode até ser prejudicial, já que podem causar reações alérgicas. Além disso, muitas vezes o seu uso não é controlado.
  • A higiene pessoal ou a limpeza em casa, no infantário e na escola nada têm a ver com o risco de apanhar piolhos.
  • É importante evitar o contacto cabeça com cabeça. Não partilhar objetos pessoais ou dormir com lençóis ou almofadas que estiveram em contacto recente com alguém infetado.
  • Os outros animais não têm capacidade de transmitir piolhos para o ser humano.

 

Textos: Sara Dias Oliveira

Ilustrações: Francisco Araújo