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Ciência: Nada é estático, tudo se questiona

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Luís Arnaut pode respirar de alívio, depois de mais de duas décadas a investigar a teoria de Marcus. Tudo começou com um ponto de interrogação: e se a chave para a transferência de eletrões estiver nos reagentes? 25 anos depois comprova-se que sim. Foi um português, Formosinho Simões, que questionou o Prémio Nobel e iniciou o que a equipa de Luís Arnaut viria a concluir: a anulação da teoria de Marcus, batizada com o nome do seu mentor, o canadiano Rudolph Marcus. Ainda assim, Arnaut reconhece o “contributo formidável para o avanço da ciência” que, na sua época, Marcus ofereceu.

Para contrariar um Prémio Nobel foi preciso coragem e muito empenho de uma equipa multidisciplinar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. O artigo publicado na “Nature Communications” tem apenas quatro autores: Kamila Mentel, Arménio Serra, Paulo Abreu e Luís Arnaut.

Como se provou que Marcus estava errado

A teoria de Marcus diz que, num processo em que uma molécula (ou ião) transfere um eletrão para outra molécula, o solvente que rodeia essas moléculas dá o contributo mais importante para a barreira de energia que condiciona a velocidade da transferência do eletrão.

O cientista Formosinho Simões explorou a possibilidade de o solvente (mais longe do eletrão que é transferido) poder ter mais influência sobre a velocidade de transferência de eletrão do que a própria molécula onde o eletrão se situava inicialmente.

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Texto: Joana M. Soares