Os microrganismos entram em ação para que o lixo orgânico tenha um outro fim e não se amontoe em aterros sanitários a céu aberto. Pelo bem do meio ambiente, pelo bem da nossa saúde.
Lixo orgânico, adubo natural
A compostagem é um processo biológico, ecologicamente sustentável, que transforma matéria orgânica, ou seja, restos de frutas e de legumes, folhas de árvores e guardanapos de papel, em adubo natural utilizado na agricultura, substituindo, desta forma, produtos químicos. O que é naturalmente uma boa notícia para o bem-estar do meio ambiente e da humanidade, uma vez que contribui para a redução do aquecimento global. E o composto que se gera, através da ação de minúsculos microrganismos, de cor castanha, é rico em nutrientes e cheira a terra húmida.
Lixo orgânico em decomposição em aterros sanitários produz gás metano, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
O que fazer, etapa a etapa
- Construir o próprio compostor com materiais simples, com paletes de madeira, por exemplo, ou solicitar aos municípios que oferecem esses recipientes.
- Escolher o local para a compostagem. À sombra, de preferência, sem vento e com um ponto de água por perto.
- Preparar o fundo com uma camada de pequenos ramos de forma a ventilar e a não compactar.
- Colocar resíduos verdes e resíduos castanhos em camadas alternadas. A última tem de ser de resíduos castanhos.
- Os resíduos orgânicos têm de estar em contacto com a terra para permitir que os microrganismos façam o seu trabalho e a água drene.
- Regar sempre que necessário, uma vez que o composto tem de se manter húmido.
- A temperatura deve estar entre os 60 e os 65 ºC, o monte de resíduos orgânicos deve ser revirado para arejar e para que os microrganismos tenham oxigénio para fazerem o seu trabalho. Para isso, também precisam de alguma humidade.
- Três a quatro meses de resíduos no compostor, forma-se então o tal composto, que tem aspeto de terra e excelentes qualidades fertilizantes. É um adubo natural, rico em carbono e azoto, para ser utilizado em plantas e flores, vasos e sementeiras, hortas e jardins.
Os verdes e os castanhos. O que colocar
O que pode e não pode ser colocado num compostor doméstico? Os verdes são bem-vindos, são húmidos e ricos em azoto. São eles: restos de vegetais crus e frutas, restos de relva cortada, borras de café e sacos de chá, folhas verdes, cascas de ovo esmagadas, hortaliças, pão, flores.
Os castanhos, ricos em carbono, também podem ir para o compostor, como cascas de batata, folhas secas e serradura, palha e erva seca, pequenos ramos, restos de frutos secos, guardanapos e outros papéis.
O que não pode entrar num compostor? Várias coisas, como restos de comida cozinhada de carne ou peixe, plantas doentes, cortiça, carvão, cinzas, pontas de cigarro, produtos lácteos, óleos e gorduras, temperos fortes como pimenta, alho e cebola, e ainda fezes de animais domésticos e papel higiénico.
No contentor castanho, se faz favor
Os resíduos orgânicos, cozinhados e não cozinhados, têm como destino os aterros sanitários e as incineradoras, com todo o impacto daí decorrente. São lixos difíceis de descartar, difíceis de desfazer. Um grande problema ambiental, portanto. Os municípios devem disponibilizar a recolha de resíduos orgânicos para que as famílias façam essa separação em suas casas. Para que esse lixo vá para compostagem ou produção de biogás. Há concelhos que já o fazem ao darem um contentor castanho, uma espécie de balde, para o depósito de restos de alimentos crus e cozinhados ou fora da validade, legumes, frutas, carne, pão e bolos, saquetas de chá, guardanapos de papel, entre outros resíduos. Há concelhos que sensibilizam os moradores para as boas práticas de separação orgânica. E isso, claro está, faz toda a diferença.
Texto: Sara Dias Oliveira
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