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Doping: uma batota que pode sair muito muito cara

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De alguma forma, o doping é quase tão antigo como a própria civilização. Mas só nas últimas décadas se percebeu a real necessidade de o combater. Além das punições desportivas, a ingestão de substâncias ilegais representa riscos para a saúde. No limite, podem ser fatais.

 

Velhinho, velhinho

 

O termo doping vem de “doop”, palavra usada para nomear um sumo viscoso obtido a partir do ópio (droga) e utilizado desde o tempo dos gregos. Aliás, consta que logo nos primeiros Jogos Olímpicos da Antiguidade, realizados em 776 a.C., os atletas gregos recorreram a plantas e sangue de cabra para melhorar o seu desempenho desportivo. Mas se na altura a prática era desvalorizada, com o tempo o conceito de doping e a luta contra o mesmo foi-se apertando e aprimorando.

A propósito, o doping é a utilização de qualquer substância não produzida pelo organismo e proibida pela regulamentação desportiva, com o propósito de melhorar o desempenho físico ou mental, de forma artificial. É uma batota, portanto. Das piores que há.

 

Dos esteroides aos estimulantes

 

Hoje em dia, já não se recorre ao sangue de cabra nem a nenhum sumo viscoso, mas sim a produtos mais “complexos”. Esteroides anabolizantes, por exemplo. Formas sintéticas de testosterona que contribuem para aumentar o tamanho dos músculos.

Outra hipótese são os analgésicos narcóticos: compostos derivados do ópio que atuam no sistema nervoso central, diminuindo a sensação de dor (o que os torna mais “apetecíveis” em provas de resistência).

Há ainda os estimulantes, que induzem o aumento da atividade cardíaca e do metabolismo, produzindo efeitos semelhantes aos da adrenalina, e os diuréticos, que não tendo nenhum efeito direto ao nível do desempenho desportivo, são usados para baixar de peso. Ou até para tentar esconder o recurso a uma substância proibida.

Importante: além de serem ilegais (é por isso que quando os atletas são “apanhados” ficam impedidos de competir), todas estas substâncias acarretam risco elevado para a saúde, que vão da dependência ao risco aumentado de lesões. Nalguns casos, podem mesmo provocar problemas mais graves, como enfartes.

 

Quem fiscaliza

 

Em Portugal, o combate ao doping está a cargo da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), que por sua vez segue as orientações da Agência Mundial Antidopagem (AMA). Compete-lhe elaborar e aplicar o Programa Nacional Antidopagem, emitir pareceres sobre os procedimentos de prevenção e controlo e os regulamentos das várias federações, promover campanhas de sensibilização, instaurar procedimentos disciplinares, entre outros.

Nota que os atletas que participam em competições desportivas oficiais ou de âmbito internacional ficam obrigados a submeter-se ao controlo antidoping, mesmo em períodos de treino, sendo selecionados através de um sorteio. Em Portugal, nomeadamente nos clubes de futebol, os controlos são muitas vezes “surpresa”. A ideia é desincentivar a ingestão de substâncias ilegais seja em que altura for, visto que a qualquer momento os atletas podem ter de ser testados.

 

Mais de seis décadas de luta

 

O desporto mundial despertou para a problemática do doping no final da década de 1960, com os primeiros controlos a serem efetuados nos Jogos Olímpicos de 1968, no México. Nesse mesmo ano, realizaram-se em Portugal os primeiros testes antidoping, no caso na Volta a Portugal em bicicleta. Já a primeira legislação especificamente dedicada ao tema no nosso país surgiu em 1979. Durante mais de uma década, só o ciclismo era controlado (aliás, já deves ter reparado que continua particularmente propenso a escândalos), mas, a partir dos anos 1980, os testes estenderam-se a outras modalidades, com o leque a aumentar de forma progressiva.

 

Texto: Ana Tulha
Ilustração: Freepik