Eleições presidenciais no Brasil: Quem é quem?

epa07127152 A man votes at a polling station, in Belo Horizonte, Brazil, 28 October 2018. Around 147 millions Brazilians are called to vote in the second round of the country's presidential elections, where far-right candidate Jair Bolsonaro is favorite to win in all surveys. Fernando Haddad of the Workers Party will face Jair Bolsonaro, of the Social Liberal Party (PSL) in the second round of voting. EPA/PAULO FONSECA

Eleições presidenciais no Brasil: Quem é quem?

Hoje, domingo 28, realiza-se a segunda volta das eleições para presidente da República do Brasil. Nós ajudamos-te a conhecer os candidatos e a perceber melhor o que está em causa nesta votação, tanto para o futuro daquele país como da democracia no planeta.
O Mundo está a horas de saber quais os destinos do Brasil. No início do mês, o eleitorado brasileiro votou maioritariamente em dois dos 13 candidatos à corrida para presidente. Desde as eleições de 1989, as primeiras desde a redemocratização do país, que o palácio presidencial não tinha tantos aspirantes. Já perto do fim, só ficaram dois: Jair Bolsonaro, que arrecadou 46% dos votos na primeira volta, e Fernando Haddad, que contou com 29%. Como nenhum deles atingiu os 50%, o próximo presidente da República do Brasil será eleito hoje na segunda volta.

Este é um momento de especial importância, não só para o país mas também para o futuro da democracia, ameaçada pelo clima de violência e perseguição estimulado pela candidatura de Bolsonaro e seus apoiantes. Do outro lado, o medo da continuidade de um poder corrompido pode afastar Haddad da presidência. Vamos conhecer os candidatos.

 

Fernando Haddad 

REUTERS/Paulo Whitaker

O antigo presidente Lula da Silva, condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, candidatou-se a estas eleições, mas viu-se impedido pela Justiça e acabou substituído pelo camarada Fernando Haddad. Intelectual e académico, Haddad tem a dupla e difícil tarefa de conquistar a presidência e devolver ao povo a confiança no Partido dos Trabalhadores (PT), desacreditado por escândalos de corrupção que envolveram os seus ex-líderes.

Filho de emigrantes libaneses, Fernando Haddad, 55 anos, é licenciado em Direito, mestre em Economia e doutorado em Filosofia, tendo entrado na vida política aos 20 anos, em 1983, altura em que se filiou no PT. Lecionou Ciência Política no ensino superior, foi ministro da Educação e presidente da Câmara de São Paulo, de onde saiu debaixo de algum descontentamento popular.

Também Haddad enfrenta um processo na Justiça, depois de, em setembro, ter sido acusado pelo Ministério Público de corrupção, branqueamento de capitais e associação criminosa. Segundo a acusação, Haddad terá recebido 2,6 milhões de reais (cerca de 521 mil euros) de um empresário durante a campanha de 2012 para a Câmara de São Paulo, em troca de favores na obtenção de contratos públicos. Haddad rejeita a acusação, considerando-a infundada e eleitoralista.

Haddad é contra a privatização de empresas públicas e a legalização do porte de armas. Quer investir mais na saúde e na educação, combater desigualdades e aumentar os impostos aos mais ricos.

 

 Jair Bolsonaro 

EPA/RICARDO MORAES

Capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro, 63 anos, posicionado à direita, é o favorito à presidência, recolhendo 57% das intenções de voto. Reúne, ao mesmo tempo, amores e ódios. É, para alguns, a rutura do poder instituído e a esperança da mudança e, para outros, a personificação de tirania, já comparado a Hitler.

Adotando o combate à corrupção como bandeira, Bolsonaro tenta passar a imagem de alguém externo ao sistema político mas é deputado federal desde 1991, acumulando sete mandatos por cinco partidos diferentes. Antes das eleições, filiou-se no Partido Social Liberal (PSL). A vida política de quase 30 anos foi marcada por um discurso agressivo e radical, de defesa da ditadura militar e de golpe de Estado, com pregões ao assassinato de criminosos e ataques a homossexuais, mulheres e imigrantes. Enfrenta agora o desafio de desfazer a imagem de misógino, racista e homofóbico que construiu, e que originou a criação do movimento #EleNão, que passou das redes sociais para as ruas, com dezenas de protestos contra a sua eleição.

Durante a campanha, Bolsonaro prometeu retirar o Brasil da ONU caso fosse eleito, e defendeu o uso de armamento pela população civil, jurando mão firme no combate ao crime. A pretensão de acabar com o “ativismo ecologista” e unir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente tem preocupado ambientalistas quanto ao futuro da Amazónia, que pode sair sacrificada. O também professor de Educação Física é a favor da privatização de empresas públicas e da implementação de um imposto único federal.

Texto: Rita Salcedas