Eurogrupo: acordos e pactos sobre o nosso dinheiro

Eurogrupo: acordos e pactos sobre o nosso dinheiro

Conhece melhor o sítio onde os ministros das Finanças dos países da Zona Euro decidem o futuro da moeda única. Um sítio com histórias envoltas em algum mistério.

Sabias que foi à mesa do Eurogrupo que foi “cozinhada” a moeda única, o euro, vários anos antes de entrar em circulação? E que praticamente todos os anos há notícias sobre alegados acordos secretos dos participantes nas reuniões, que são os ministros das Finanças dos países da Zona Euro? Não imaginas que tipo de acordos fazem, pois não? Mas a verdade é que podem salvar-nos de crises, um bocadinho à revelia das ordens da Comissão Europeia. Tudo para manter a estabilidade do euro.

 

Que espécie de grupo é esse?

O Eurogrupo é um grupo de reunião informal dos ministros das Finanças da Zona Euro. Começou, em 1997, como reunião de antecipação dos encontros do Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros, para preparar a moeda única. Ali, debatem-se questões relacionadas com o euro, que exige que os países cumpram uma série de regras para poderem usar a moeda.

Nessas reuniões, cada ministro tenta negociar diretamente com outros para ter mais tempo, por exemplo, para cumprir os critérios do défice. Muitas vezes se falou em “acordos secretos”, que fugiram à burocracia da Comissão Europeia.

 

Porque é que se fala tanto nele?

A importância daquelas reuniões é evidente, uma vez que o resultado das negociações pode interferir com todas as políticas de cada país e decidir se podem gastar mais ou menos dinheiro ou se entram em crise.

Nos últimos anos (desde dezembro de 2017), ganhou protagonismo o nosso ex-ministro das Finanças Mário Centeno, apelidado pelo ministro alemão de “Ronaldo das Finanças”. Isto depois da crise de 2011 a 2015, que motivou a ajuda internacional a Portugal, foi um grande elogio! Antes de Centeno, o presidente do Eurogrupo foi Jeroen Dijsselbloem, o ministro holandês, que não foi nada agradável e acusou os países do sul da Europa de gozarem demasiadas férias, obrigando os do norte a pagar as crises do euro.

 

Foi importante Portugal presidir ao Eurogrupo?

Um país do sul da Europa, que saiu de uma crise tão grave que teve de pedir ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional e à União Europeia, presidir ao mais poderoso grupo de ministros europeus foi muito importante para mostrar à Europa (e ao Mundo) que o preconceito de pessoas como Dijsselbloem não corresponde à verdade. Afinal, Centeno, que deixou há pouco de ser ministro das Finanças, por isso já não preside ao Eurogrupo, conseguiu mostrar que a Europa deve apoiar os países mais frágeis, porque podem recuperar muito depressa e serem valiosos dentro da União Europeia e na moeda única.

Texto: Erika Nunes