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Israel e Palestina: Vizinhos em guerra pela terra

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O território onde se situa Israel é considerado Terra Santa por judeus, cristãos e muçulmanos. Mas desta zona do Médio Oriente não nos chegam notícias de paz. Em vez disso, são constantes os confrontos entre israelitas e palestinianos. Um conflito que dura há décadas e não tem fim à vista. E este está a ser o início de ano mais sangrento desde 2000.


Foto: Alaa Badarneh/EPA

Grande Revolta Árabe

O país que atualmente conhecemos como Israel ocupa cerca de 21 mil quilómetros quadrados, ou seja, uma área equivalente à região Norte de Portugal. Faz fronteira com o Líbano (norte), o Egito (sul), a Síria e a Jordânia (este) e a costa estende-se pelo mar Mediterrâneo.

Já quando a Palestina estava sob mandato do Reino Unido, a ideia de criar ali uma zona para os judeus deu origem à Grande Revolta Árabe de 1936 a 1939.

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, com milhares de judeus em fuga do nazismo na Europa e como uma espécie de “compensação” pelo horror que foi o Holocausto, as Nações Unidas aprovaram, em 29 de novembro de 1947, a divisão do território em dois estados, um árabe e o outro judeu.

A independência de Israel foi declarada a 14 de maio de 1948 e, logo no dia seguinte, os países árabes vizinhos entraram em guerra com o novo Estado em defesa da soberania dos palestinianos. No final do conflito, Israel ocupava 78% da Palestina. Foi a primeira de muitas guerras na região – uma das mais conhecidas é a Guerra dos Seis Dias, entre 5 e 10 de junho de 1967 – que levaram Israel a ocupar e anexar a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Assim, surgiram movimentos armados sob o ideal de que combater é a única forma de libertar a pátria, como a Organização de Libertação da Palestina (OLP), a Fatah e o Hamas. São considerados terroristas por alguns países, porque cometem atentados contra israelitas como represália à opressão a que são sujeitos há décadas.

Outro ponto de conflito é Jerusalém: os palestinianos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado palestiniano, coexistente com Israel. Mas, em 1980, Israel declarou toda a cidade como a sua capital.

 

Colonatos e territórios ocupados

Aos israelitas que vivem nos territórios palestinianos ocupados dá-se o nome de colonos e os locais onde vivem são os colonatos.

Atualmente existem 144 colonatos na Cisjordânia, incluindo 12 em Jerusalém Oriental. Isto representa mais de 460 mil israelitas a residir na Cisjordânia e mais 220 mil em Jerusalém Oriental. Nesta área de 5,6 mil quilómetros quadrados vivem 2,7 milhões de palestinianos. Para teres uma ideia de comparação, é o tamanho da cidade de Lourosa, no distrito de Aveiro, onde vivem cerca de oito mil pessoas. A pressão populacional é imensa.

Mas ainda é maior na Faixa de Gaza, onde dois milhões de palestinianos vivem em 365 quilómetros quadrados. Neste território não há colonos israelitas. Mas, para agravar ainda mais a situação, desde 2007 que Israel impôs um bloqueio aos habitantes de Gaza, impedindo-os de sair para a Cisjordânia ou para o estrangeiro, para estudar, trabalhar, receber cuidados de saúde, etc. Foi uma decisão tomada por motivos de segurança, por Israel recear ataques do Hamas, que assumiu o controlo de Gaza nesse ano.

Também o aeroporto e o porto marítimo estão inoperacionais e, assim, não recebem alimentos nem bens materiais. E os números são difíceis: 64% dos residentes são refugiados expulsos das suas casas em 1948 e 56% da população vive na pobreza. “Israel transformou Gaza numa prisão a céu aberto”, segundo a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Arafat, Peres e Rabin

Yasser Arafat,  Shimon Peres e Yitzhak Rabin são nomes a destacar na busca pela paz no conflito israelo-palestiniano.

Arafat começou pela luta armada (pertenceu à OLP) mas em 1988 reconheceu o direito de existência de Israel e defendeu a solução de dois estados. O primeiro-ministro Yitzhak Rabin e o ministro dos Negócios Estrangeiros Shimon Peres foram os interlocutores das negociações no lado de Israel. O Acordo de Paz de Oslo, assinado em 1993, terá sido o que mais se aproximou de uma solução de vizinhança pacífica entre estes dois povos.

No ano seguinte, Arafat, Rabin e Peres receberam o Prémio Nobel da Paz. Mas o extremismo voltou a ganhar: Rabin foi assassinado em 1995 por um judeu que se opunha aos acordos de paz.

 

Rastilho extremista

 

Este está a ser o início de ano mais sangrento desde 2000, com mais de cem mortos em pouco mais de dois meses (96 palestinianos e 19 pessoas do lado israelita). Dos dois lados há vítimas civis e crianças. E além das incursões do exército israelita nos territórios ocupados, para destruir casas e deter suspeitos de ataques, estão a aumentar os atos de violência dos colonos: depois de dois irmãos israelitas serem mortos por um palestiniano, os colonos vingaram-se queimando dezenas de casas e carros de palestinianos.

O rastilho destes confrontos está no novo governo liderado por Benjamin Netanyahu, o mais extremista de direita de toda a história de Israel, numa coligação com partidos que defendem ainda mais repressão contra os palestinianos e o reforço da colonização nos territórios ocupados.

O conflito israelo-palestiniano entra assim no 75.º ano de ocupação, sem sinais de aproximação para alcançar uma solução de paz, assumindo a existência de “dois Estados” entre estes dois povos vizinhos.

Texto: Sandra Alves