Há épocas e acontecimentos que não podem ser esquecidos e a Segunda Guerra Mundial é um deles. Essa guerra marcou o século XX e convocou o que de melhor e de pior tem a humanidade: ódio, discriminação, traição, violência, crueldade, mas também, solidariedade, lealdade, esperança e coragem.
Propomos-te acompanhar a saga de Felix Salinger, um rapazinho órfão e judeu que viveu nessa época e que sentiu na pele os horrores da guerra. São seis livros contados na 1ª pessoa, cada um com uma referência temporal clara para mostrar que a história continua sempre, seguindo a vida deste herói.
UM DIA
Anos 40, guerra, Polónia: Felix Salinger é judeu, não sabe dos pais e foi acolhido num orfanato. Distrai-se a ler, a escrever e a contar histórias aos seus companheiros naquela triste rotina. Só que o nosso herói não se conforma e um dia, decide fugir para procurar os pais. Ele é muito teimoso, perspicaz e cheio de imaginação, qualidades que o vão ajudar a lidar com situações muito difíceis, no meio de nazis e de cidadãos apavorados, e a encontrar pessoas maravilhosas, como a pequena Zelda e o velho Barney.
Felix conta como tudo vai acontecendo através dos seus olhos de criança e do seu espírito sonhador. Uma aventura emocionante no meio do drama da guerra que te deixará colado às páginas pelo seu suspense e ternura.
A SEGUIR
Lembras-te da Zelda, a amiga de Felix? Ela também é polaca e orfã como ele e ambos estão a fugir dos nazis, sempre escondidos. Felix está determinado a manter-se vivo, proteger a sua melhor amiga e… a encontrar novos pais!
Um dia, já cansados de correr numa floresta, apavorados e cheios de fome e de sede, os dois órfãos encontram Genia, uma mulher bondosa que lhes dá logo abrigo, apesar de saber o risco que corre ao esconder judeus em sua casa.
O ambiente em casa de Genia alivia a vida sofrida de Felix e de Zelda: as brincadeiras e mimos do cão Leopoldo e do porco Trotsky que aí vivem ajudam os meninos a voltar a sentir um pouco da alegria que tinham antes de as suas famílias morrerem às mãos dos nazis.
No entanto, Felix sabe que ali não estão seguros para sempre e que, por serem judeus, põem em risco a vida de Genia. Há que partir, há que fugir para outro lugar….
DEPOIS
1945. Felix tem 13 anos e há dois anos vive escondido na quinta do seu amigo Gabriek. Até ao dia em que esta é incendiada. Fogem então para a floresta e juntam-se aos resistentes, um grupo armado que luta contra os nazis.
É ali que Felix conhece Yuli, uma jovem determinada e corajosa, com quem faz amizade, e torna-se assistente do doutor Zajak, um cirurgião experiente, aprendendo aí conhecimentos de medicina que lhe serão úteis mais tarde.
De repente, por todo o lado começam a ouvir rumores de que a guerra terminou. Vitória! Viva a liberdade! É tempo de regressar a “casa”.
Tudo começa a suceder muito rápido, muitos reencontros, muita emoção e também frustração e muita dor. Então, Felix percebe que terá de fazer uma escolha crucial: vingar a morte dos seus familiares queridos ou ajudar os vivos que vai conhecendo.
EM BREVE
Continuamos na Polónia, em 1945, um período complicado do pós-guerra, de reconstrução dos lugares e das vidas das pessoas.
Felix vive escondido com Gabriek, de 42 anos, o seu único amigo. Este vai conseguindo comida consertando todo o tipo de coisas que lhe pedem e Felix ajuda-o e socorre quem pode com os seus conhecimentos de medicina.
A guerra terminou, mas por todo o lado há um ambiente de destruição e de violência: ruas em escombros, casas em ruínas, falta de higiene, de água, de apoios, muita fome e desespero nos olhos das pessoas, que não sabem em quem confiar.
Numa das suas saídas do esconderijo, Felix conhece Anya, uma rapariga misteriosa de quem fica logo amigo. Noutra saída, entregam-lhe um bebé órfão que ele não consegue abandonar e que leva para casa. Finalmente, encontra uma nova personagem que marcará a sua vida para sempre: o enigmático doutor Lipzyk.
TALVEZ
1946. Felix tem 14 anos e está prestes a partir para a Austrália, à procura de um lugar seguro onde possa recomeçar a sua vida após a guerra ter terminado. É que a sua amada Polónia está em ruínas, não oferece segurança nem a ele nem aos amigos que o acompanham: Gabriek e Anya, que está grávida e precisa de mais proteção.
A viagem proporcionada pelo Governo da Austrália é bastante atribulada. A amizade e coragem dos três amigos é posta constantemente à prova e os conhecimentos de medicina que Felix foi adquirindo nos últimos anos vão ser vitais.
Mas chegar a este país do outro lado do mundo não vai ser o fim das dificuldades. O perigo continua à espreita e Felix prepara-se para enfrentar um inimigo pior do que os nazis: há um homem que anda atrás deles `para se vingar e que é impiedoso.
AGORA
Felix está velho! Sobreviveu aos horrores da II Guerra Mundial, tem 80 anos e vive na Austrália. Casou, teve filhos e estudou medicina. Contudo, Felix continua a ser assaltado pelas memórias dolorosas do seu passado. A sua neta Zelda, de 12 anos, vai viver por uns tempos para sua casa enquanto os pais
trabalham numa missão de ajuda humanitária. Esta é uma boa oportunidade para ela conhecer melhor o avô, que continua a receber homenagens pelos atos heroicos que praticou.
Até que um dia, acontece uma tragédia e Zelda vai mostrar que tem a fibra do seu avô. Há um incêndio de proporções gigantescas, incontrolável, sobretudo porque as temperaturas são muito elevadas. Há que lutar contra as chamas e contra catástrofes naturais como esta, provocadas pelo desleixo da humanidade que não sabe cuidar bem do nosso planeta.
Pelo meio, percebemos que o mundo se alterou muito depois da guerra, mas há coisas que não mudaram: a mesma violência, discriminação, injustiça…
Zelda viverá situações complicadas, extremas, tal como Felix e passará a ser uma menina diferente depois disso.
Sobre o autor
Morris Gleitzman nasceu em Sleaford, Lincolnshire, in 1953 e aos 16 anos emigrou para a Austrália. Estudou jornalismo e escreveu roteiros para séries de comédia da televisão. Depois especializou-se como escritor de literatura juvenil. Atualmente, é um autor muito famoso na Austrália e algumas das suas 42 obras já foram adaptadas ao cinema, televisão ou teatro.
Texto: Maria José Pimentel