Os jovens do 5ºF da Escola do Cerco do Porto, contaram, na manhã da passada sexta-feira (27), com a ajuda da equipa do Media Lab JN para realizar o trabalho final da sua ronda de Literacia para os Média: um noticiário radiofónico TSF.
A turma começou por, com a ajuda do jornalista e formador do Media Lab, Daniel Leal, relembrar a estrutura da notícia e as regras base da escrita jornalística. Seguidamente os estudantes construíram, primeiro em conjunto, e depois individualmente, uma notícia sobre a sua própria sessão de Literacia para os Média.
Para Paula Allen, professora de português, exercícios como estes são importantes para que os alunos aprendam a filtrar, resumir e organizar informação: “às vezes é difícil eles começarem a escrever porque querem dizer muita coisa e não conseguem resumir… O facto de darmos a estrutura da notícia – o lead, o corpo da notícia – ajuda-os também mentalmente a estruturar o pensamento deles… o que para nós [professores de português] é um grande contributo.”
Uma vez relembrada a estrutura do texto noticioso, chegou a altura de dar um passo em frente e abordar as regras específicas da escrita de notícias para rádio. Daniel explicou aos estudantes algumas das particularidades deste formato, como a importância de manter as frases curtas, de evitar palavras difíceis e de ter em conta de que estamos a escrever para ouvintes, e não para leitores.
Precisamente por isso, foi também necessário falar sobre as boas práticas de locução para rádio. Maria Lopes, uma das estudantes, consegue enumerar algumas: “Temos de ter o microfone numa boa posição, as costas direitas e as mãos a segurar o microfone” explicou, no final da aula.
Com toda a teoria relembrada, e com o primeiro intervalo da manhã terminado, a turma começou a preparar-se para o momento alto da manhã: a gravação do seu noticiário radiofónico.
Um a um, cada estudante se deslocou para a frente da turma e gravou a leitura de uma notícia de atualidade, de microfone da TSF na mão e seguindo as orientações da equipa do Media Lab. As notícias, de diferentes secções, tinham sido selecionadas do site do JN e adaptadas para o formato radiofónico, ganhando vida através das vozes dos pequenos radialistas do Cerco.
Inês Cardoso, que ficou encarregue da secção de Inovação, com uma notícia sobre iPods, admitiu, no momento de gravação, que se sentiu “mais ou menos, porque estava nervosa por ler” e que tinha receio de se enganar. Já Maria Lopes, que tinha uma notícia sobre o novo sistema de videovigilância do Porto, confessou que achou a experiência fácil, uma vez que a sua notícia “não tinha palavras difíceis” e que a tinha lido várias vezes mentalmente, antes do momento da gravação.
Para Francisco Carvalho, a manhã de gravações “não teve partes difíceis” e a ronda de Literacia para os Média, agora a chegar ao fim, foi uma experiência positiva: “Gostei, porque aprendemos coisas novas!” Tais como? “Como ser um jornalista… ir à procura das notícias e transformá-las para melhor, para pôr nos jornais.”
Das várias semanas de aprendizagens, Cláudia Pereira destacou a sessão de gravações como o seu momento favorito: “gostei mais de fazer rádio, porque achei mais divertido”.
José Ribeiro, um dos professores que acompanha a turma nas sessões de Literacia para os Média, faz um balanço positivo da sessão: “Gostei de os ver hoje um bocadinho mais empenhados. Foi muito bom.”
A professora Marta Pinho, diretora desta turma, admitiu que os alunos lhe pareceram entusiasmados ao longo das várias semanas da ronda, mas também destacou este exercício de gravação como um dos momentos mais completos: “Nós estamos a trabalhar imensa coisa! Para além do texto da notícia, da dicção e da leitura, estas atividades são excepcionais para a dinâmica de grupo. Dão para eles criarem hábitos de comunicação, para se desinibirem e ganharem autoconfiança, aprenderem a dialogar e a respeitar a vez do outro… é fantástico, mesmo.”
O papel da equipa do Media Lab, que coordenou as gravações, é apontado pela professora Paula Allen como essencial para o sucesso da atividade: “Vocês dão o reforço positivo necessário para que eles se sintam confiantes para gravar as notícias e isso vê-se… No início eles ficam todos cheios de medo, mas depois, mais tarde ou mais cedo, desbloqueiam… esse trabalho, esse mérito, é todo vosso.”
Daniel Leal, monitor do Media Lab, prefere descrever-se como um mero “facilitador” e coloca o mérito na turma, que adjetiva de “impecável”. “Fiquei muito feliz com o empenho de cada um, com a disposição em colaborar e principalmente com a forma como eles lidaram com o desafio de gravar ali à frente. Mesmo aqueles que porventura tropeçaram nas palavras, pararam, respiraram e seguiram adiante… uma turma nota 10!”, confessou.
Com uma longa carreira como jornalista, Daniel admite que estas sessões de Literacia Mediática são importantes a nível curricular, mas que as ferramentas trabalhadas nestes exercícios vão bem para lá da sala de aula: “Aparentemente estamos a fazer um exercício voltado para o jornalismo, mas, na verdade, ele é voltado para a nossa vida. Estamos a trabalhar a locução, a desenvoltura… não só como jornalistas, mas como pessoas também! Vamos precisar de falar em público em vários momentos da nossa vida e este exercício, à frente dos nossos colegas, num ambiente em que estamos entre amigos, serve para destravar… Mais do que gravar um simples noticiário, estamos a convencê-los que é possível falar em público”.
O Media Lab tem mais de uma década de existência, educando para a literacia mediática e para a cidadania ativa desde 2010. Saiba como participar no site do projeto.
Texto: Mariana Amorim
Data de publicação: 3 de junho de 2022