Nanotecnologia: Tecnologia mais fina que um cabelo

Nanotecnologia: Tecnologia mais fina que um cabelo

Já imaginaste estudar coisas tão pequenas que só podem ser observadas num microscópio? É o trabalho da nanociência. Quando a ciência das pequenas coisas é aplicada a favor de uma inovação em específico, chama-se nanotecnologia.

Mariam Debs, coordenadora de missões no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), exemplifica com um elemento conhecido de todos. A nanociência está presente no leite pelas propriedades de tamanhos reduzidos que esta bebida apresenta e “a nanotecnologia acontece quando se estuda e aprende a controlar essas propriedades para tirar proveito disso”.

Na verdade, “a nanotecnologia está em tudo, até em coisas que nem nos apercebemos”, salienta a engenheira química, garantindo que o trabalho desenvolvido naquele laboratório em Braga é responsável por inovações que afetam o dia a dia de todos.

A análise da presença do novo coronavírus, que causa a doença covid-19, no corpo humano foi um dos projetos desenvolvidos mais recentemente pelo INL. “Foi um orgulho enorme quando a equipa que desenvolveu esta nanotecnologia viu o seu trabalho a ser útil à sociedade”, conta a investigadora.

A nanociência aplica-se também ao estudo de elementos naturais como as borboletas, cujas asas têm propriedades nano que permitem a mudança de cor quando expostas a diferentes luzes.

Quanto a resultados práticos, é possível encontrar nanotecnologia em diversos componentes que usamos regularmente – alguns mais visíveis do que outros – como nas baterias de um carro elétrico ou num biossensor para detetar eventuais problemas de saúde.

 

Como é o dia a dia de um investigador?

 

O trabalho em nanotecnologia faz-se de pesquisa e testes. Mariam Debs nota que um projeto em nanotecnologia começa por questionar e testar uma ideia. Caso se confirme como viável, seguem-se várias fases de trabalho e testagem, até ao resultado final.

O laboratório e o microscópio são o dia a dia de um cientista na nanotecnologia. A rotina desta área de investigação é marcada por muita partilha de ideias, resultados e conhecimento, sendo, por isso, um trabalho em equipa. É uma área de especialidade de muitos cientistas e investigadores, desde biólogos, engenheiros, físicos, entre muitos outros.

 

Como trabalhar com nanociência?

 

A coordenadora de missões do INL lembra que a nanotecnologia resulta da conjugação de diversas áreas. Para chegar ao desenvolvimento de trabalho com pequenos componentes, materiais e propriedades, “é necessário escolher a área de paixão” primeiro. Saúde? Alimentação? Ambiente? Eletrónica? As opções são variadas.

Apesar de ser uma área científica específica, está implicada no desenvolvimento de diversas tecnologias quotidianas e, por isso, a investigadora garante que “cada vez há mais oportunidades” de trabalhar nesta área em Portugal.

 

Texto: Sara Sofia Gonçalves