O cancro não é um bicho de sete cabeças

O cancro não é um bicho de sete cabeças

Que doença é esta que afeta tantas pessoas? Como aparecem os tumores, quais os fatores de risco e a esperança em terapias inovadoras.

 

Certamente já ouviste falar em cancro e não foi pelas melhores razões. Quase toda a gente tem um familiar ou amigo que já enfrentou esta doença. Para que não seja um bicho de sete cabeças, vamos explicar-te o que é o cancro, quais são os principais fatores de risco, o que podes fazer para te manteres saudável e o trabalho que a ciência está a desenvolver nesta área.

Como sabes, o corpo humano é constituído por muitas células, que nascem, exercem as funções para as quais estão programadas, morrem e são substituídas por outras. Por vezes, estas células são diferentes, crescem mais rápido do que o normal e em partes do corpo onde não deveriam estar. Estas células juntam-se em grupos e formam uma massa a que os médicos chamam tumor. Dentro dos tumores, há os benignos (que não fazem mal e não se dispersam) e os malignos, que invadem o resto do organismo, destroem as células saudáveis e originam outros tumores, a que se chamam metástases. Se nada for feito, estes tumores todos provocam doença grave e podem mesmo matar.

 

Porque surgem os tumores?

 

É uma resposta difícil até para os médicos e cientistas. Mas há alguns fatores que já se sabe que contribuem para o risco de cancro. Entre eles, a tendência genética (a que não conseguimos fugir, mas que nos deve deixar muito atentos se houver um familiar com história de cancro), alguns vírus específicos e comportamentos menos adequados. Por exemplo, já deves saber que fumar ou beber bebidas alcoólicas em excesso aumenta o risco de cancro. Assim como estar exposto ao sol durante muito tempo sem proteção adequada. Uma alimentação incorreta (com muitas gorduras e comida processada) é outro fator de risco. Por esta razão, desde cedo, deves procurar ter uma alimentação saudável, incluindo frutas e legumes variados todos os dias, e fazer exercício físico.
É importante saberes que, principalmente nas crianças, o cancro não tem a ver com comportamentos errados, pelo que ninguém – nem os pais, nem os filhos ou amigos – se deve sentir culpado quando chega o diagnóstico. E também não é contagioso, por isso podes e deves aproximar-te do colega que está a passar por este momento difícil e ajudá-lo no que for possível. O cancro infantil é raro – há cerca de 400 novos casos por ano em Portugal e a boa notícia é que a maioria tem uma taxa de sobrevivência próxima dos 90%, muito superior à dos adultos.

 

A aposta na imunoterapia

 

Embora a tendência seja para um aumento dos novos casos de cancro nos próximos anos – sobretudo porque vivemos cada vez mais anos -, também há muito mais tratamentos e estão sempre a surgir novos medicamentos. Recentemente, houve uma reunião importante no Porto sobre a investigação de cancro e foi definido um objetivo ambicioso para 2030: reduzir em 50% as mortes por esta doença.

Além das cirurgias, quimioterapias e radioterapias, os cientistas e as farmacêuticas estão a apostar numa alternativa chamada imunoterapia ou imuno-oncologia. Na prática, são tratamentos que ajudam o sistema imunitário (as defesas do organismo) a tornar-se mais eficaz no combate às células cancerígenas. Ainda não dão para todos os tipos de tumores e é sempre o médico que decide o melhor caminho, mas a investigação deposita grandes esperanças nesta inovação.

 

Texto: Inês Schreck