O medo não é um bicho-papão

Senti-lo não é só normal, pode também ser útil para te livrar de uns quantos perigos. Percebe o que ele provoca em ti e quais os receios mais comuns nas várias idades. E entende a linha que separa o medo da fobia. Um é saudável, a outra um problema sério.

 

Por muito corajoso que sejas, de certeza que conheces a sensação. Os sentidos despertos, o coração a acelerar, uma sensação de perigo iminente, um nervoso miudinho desconfortável. Isso quer dizer apenas que já sentiste medo. E ainda bem! É que as reações corporais e psicológicas despertadas pelo medo têm uma função importante na tua sobrevivência. São elas que te deixam alerta para escapar ao perigo. O medo é então uma reação desagradável que ocorre como resposta a uma causa reconhecida de perigo (real ou imaginário). E se todos o sentimos volta e meia, é ainda mais comum nas crianças entre os dois e os seis anos.

 

O barulho, o escuro, os trovões

 

A maior parte dos medos são normais e passageiros, não representando qualquer problema. Alguns estão até associados a determinadas idades. Os especialistas têm estudado o assunto e perceberam, por exemplo, que nos bebés até aos sete meses é comum o medo de barulhos inesperados. Até ao ano e meio, é habitual ter receio de pessoas e ambientes novos. De perder os pais também. Até aos três anos, o escuro assusta. E as máscaras. Depois, os monstros, os fantasmas, os animais, os trovões, a ideia de ficar perdido. A partir dos seis anos, o medo da própria morte. E por aí fora.

 

Tensão e ansiedade

 

E afinal, o que acontece ao nosso corpo quando temos medo? É ativado o sistema nervoso simpático, responsável por ajustar o organismo às várias situações. O coração bombeia mais sangue, a respiração acelera, os músculos ficam tensos, o estômago fecha. O medo pode mesmo ter reflexo na nossa autoestima, se nos sentirmos incapazes de o controlar.

 

Medo vs fobia

 

É também por isso que é importante distinguir os medos das fobias. Porque se o medo ajuda a evitar o perigo, a fobia tem um efeito negativo. O corpo é ativado para uma necessidade de fuga com base numa avaliação errada e verifica-se uma resposta exagerada ao perigo real. Ora, quando essas reações começam a tornar-se incapacitantes, quando começas a ter pensamentos obsessivos ou quando isso condiciona a tua vida ao ponto de abdicares de ir a dados sítios, entras no domínio da fobia – que, ao contrário do medo, é tudo menos saudável. Nesse caso, deves procurar a ajuda de um adulto.

 

Texto: Ana Tulha
Ilustração: Bárbara R.