O que nos dizem as etiquetas da roupa?

Têm informações obrigatórias como o tamanho e instruções de lavagem. Num pequeno pedaço de tecido, dicas preciosas para que as peças não encolham, não estiquem, não desbotem.

É uma espécie de cartão de cidadão de uma peça de roupa, a radiografia de uma camisola, de uma saia, de um par de calças, de cuecas ou de meias. Na verdade, de todos os artigos têxteis produzidos para vender em qualquer parte do Mundo. As etiquetas são obrigatórias por lei e têm de obedecer a certos requisitos. Os fabricantes que quebrem as regras sujeitam-se a multas.

A legislação portuguesa obriga a incluir o tamanho, as instruções de lavagem e manutenção, a composição do produto e o local de fabrico da peça. De facto, uma etiqueta, normalmente cosida na parte de trás da roupa, no cimo das costas ou nas costuras de lado, contém um manancial de informação entre letras, números e símbolos que é importante perceber.

 

Made in

Made in Portugal, made in USA, made in China, made in em qualquer parte do Mundo. É a proveniência de uma peça de roupa. É um dado importante e é muito provável que o teu armário seja multicultural, com roupa de vários países. Há fabricantes e marcas que fazem questão de estampar os seus nomes, logótipos e sites nas etiquetas. E mandam as regras de etiquetas, e uma vez que o Mundo é global, que as informações estejam traduzidas em todas as línguas dos países onde se vai vender a roupa.

 

As fibras, os tamanhos, o ambiente

 

As matérias-primas são elementos cada vez mais importantes para quem se preocupa com os materiais utilizados e com o processo de fabrico. Não é só uma questão de como cuidar da roupa, é mais do que isso, é também a escolha de usar esta ou aquela fibra e o que isso diz sobre as condições de produção – o algodão é diferente da lã que não é igual ao linho que também não é a mesma coisa da seda e por aí fora.

Caso haja fibras fora do padrão habitual é necessário colocar a seguinte frase na etiqueta: “Contém partes não têxteis de origem animal.” Se o fabricante quiser que o seu vestuário seja reconhecido como sendo de excelência ambiental, por razões que têm de ser enumeradas e comprovadas, pode candidatar-se a um rótulo ecológico da União Europeia. O respeito pelo ambiente é cada vez mais valorizado por quem produz e procura matérias-primas mais “verdes” e recicláveis, e por quem compra e veste.

O tamanho é de leitura imediata (XS, S, M, L, XL, XXL) e, muitas vezes,
a informação mais procurada na etiqueta.
Para saber se serve ou não serve.

 

Lavar ou não lavar
Cada desenho, uma indicação. Lavar corresponde ao símbolo que parece uma bacia com água. Pode-se lavar na máquina quando não há nada em cima do desenho. Um X em cima e não pode ir à máquina. Uma mão indica que se tem de lavar à mão. Há ainda números que indicam a temperatura máxima a colocar na máquina de lavar (normalmente são 30 graus).

O quadrado, o ferro, o triângulo, e o círculo
O ícone quadrado representa uma máquina de secar. Para secar na máquina, não há X. Com X, nada feito. O número de pontos no quadrado indica a temperatura. Um ponto, temperatura baixa. Dois pontos, temperatura normal. Três pontos, temperatura alta. A imagem do ferro não engana. Sem nada por cima, carta branca para passar a ferro com a devida atenção às temperaturas. Um ponto até 110º°C, dois pontos até 150 °C, três pontos até 200 °C.

Branquear ou não branquear?
O símbolo triangular informa o que se deve fazer. Sem um X em cima, luz verde para utilizar qualquer tipo de produto de branqueamento, à base de cloro, como é o caso da lixívia, ou de oxigénio. X em cima, tudo proibido, isto é, a peça não suporta nem branqueamento nem tira-nódoas.

Limpeza a seco
É o que significa aquele círculo nas etiquetas. Se tem um P dentro é porque a limpeza tem de ser a seco e de modo profissional. Letra W indica limpeza profissional a húmido. Uma barra por baixo, é preciso cuidado com a temperatura. X por cima e, lá está, a peça não está preparada para limpeza a seco.

Cortar ou não cortar?
Ou porque estão num sítio que causa incómodo ou comichão, ou porque há uma alergia, há quem corte as etiquetas pela raiz – se bem que elas foram feitas para jamais se soltarem da peça, para a acompanharem durante toda a vida (mas já há quem se debruce sobre etiquetas removíveis).

De qualquer forma, se for preciso cortar, é melhor guardar a etiqueta por vários motivos. Não só porque tem diversa informação acerca do tecido e modo de lavagem, como se perde a garantia em caso de troca. Sem etiqueta, a peça não é considerada completa no momento da devolução.

Texto: Sara Dias Oliveira