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O que se passa em Itália?

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Já deves ter reparado que o nome do vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, que é também ministro do Interior e líder do partido de extrema-direita Liga, não sai das notícias. Vamos ajudar-te a perceber como é que ele se destacou tanto no seu país e como o seu discurso e políticas são uma ameaça não só para a Itália como para toda a Europa democrática, que acredita na tolerância e na bondade humana.

 

Como chegou Salvini ao poder?

 

Matteo Salvini nasceu em Milão e é filho de um gerente de loja e de uma dona de casa. Apesar de hoje ser a figura mais representativa da extrema-direita em Itália, a verdade é que começou a sua vida política ligado à esquerda, nos movimentos juvenis. Mais tarde, mudou de trincheira e filiou-se no Liga Norte (agora só Liga), um partido regionalista de direita. Em 1993 foi eleito vereador de Milão, após a vitória nas eleições municipais. Depois disso, foi jornalista no jornal e na rádio do próprio partido. Foi aí que começou a ganhar notoriedade ao “atacar” as elites nos seus discursos, principalmente banqueiros e políticos, e também certas minorias, como os ciganos e a comunidade LGBT. Mas a carreira a sério começou em 2008, quando deixou o curso de Ciências Políticas e Históricas inacabado para assumir um lugar na Câmara de Deputados. Cinco anos depois já liderava o Liga, que à época ainda tinha pouca expressão. Com as suas intervenções o partido cresceu nas intenções de voto. Foi assim que há 14 meses se tornou o número dois do Governo populista em vigor, ao unir forças com o Movimento Cinco Estrelas.

 

Salvini poder ser o próximo primeiro-ministro?

 

Após o Liga se ter destacado claramente nas eleições europeias, Salvini não parou de atacar o colega da aliança política. A instabilidade era tal que Giuseppe Conte, que ocupava o cargo de primeiro-ministro, acabou por se demitir, acusando Salvini de querer ter “plenos poderes”. Hoje, Salvini está perto de liderar o próximo Governo italiano, caso o país tenha eleições antecipadas. Se acontecer, Itália será a primeira democracia europeia ocidental a ser governada pela extrema-direita.

 

O que defende?

 

A popularidade de Matteo Salvini deve-se ao seu discurso radical de extrema-direita. É um discurso anti-imigração, antiEuropa, xenófobo e racista, que espalha pela imprensa e redes sociais. Bem patentes, por exemplo, no recente drama do navio Open Arms, que resgatou 147 pessoas do mar Mediterrâneo ao largo da Líbia e esteve 19 dias sem atracar porque Salvini se recusava a deixar que os migrantes entrassem no seu país. Porém, posteriormente autorizou receber 27 menores que estavam no navio em condições desumanas. “Autorizo o desembarque dos menores com de sagrado”, afirmou Matteo Salvini. Dias depois, todos os refugiados acabaram por sair do barco por ordem do tribunal, contrariando assim a vontade do vice-primeiro-ministro. A verdade é que, apesar dos protestos europeus e das organizações não-governamentais, é o povo italiano que decide quem irá governar. E as últimas sondagens dizem que o Liga tem a maior percentagem das intenções de voto, com 38%.

 

Texto: Filomena Abreu
Foto: Remo Casilli/REUTERS