O que se põe na terra, o que chega ao nosso prato

O que se põe na terra, o que chega ao nosso prato

Quais os produtos que se aplicam na agricultura? O uso de pesticidas é controlado? Já ouviste falar em segurança alimentar?

O assunto é sério porque é sério o que o nosso corpo ingere, mastiga, processa. É uma questão de saúde pública. Por isso, convém escavar e ir à raiz para perceber como tudo se interliga. O que se semeia nos campos é tratado na cozinha. O que se usa na agricultura tem impacto no que chega ao prato. É um caminho com várias etapas. E, no fim de tudo, queremos que a comida que chega à mesa seja segura sem sequer pensarmos nisso. Caso contrário, é um problema. Um alimento não seguro é impróprio para consumo e faz mal à saúde.

 

Sementes, fertilizantes, adubos

Os campos precisam de solo fértil, raios de Sol e outros produtos para que as sementes lançadas à terra nasçam e deem fruto. A agricultura é feita desta fibra e das graças e maravilhas da Natureza. Há, porém, outros “ingredientes” que aumentam a produtividade das culturas – batatas, cebolas, cenouras, tomates, alfaces, laranjas, maçãs – para que nunca nos falte alimento. Os fertilizantes são um exemplo. Feitos de materiais sintéticos produzidos em laboratório para fornecer nutrientes essenciais ao desenvolvimento do que é semeado na terra. Mas, atenção, fertilizante e adubo não são a mesma coisa. O adubo é feito de material orgânico, tem substâncias que se encontram na Natureza. O fertilizante é produzido artificialmente. Entretanto, com o avanço da tecnologia, surgem novos produtos como os bioestimulantes de plantas, feitos de extratos de elementos naturais, como algas do mar.

 

Minerais e orgânicos

Há dois tipos de fertilizantes consoante a matéria-prima usada. Os minerais feitos com um ou mais nutrientes das próprias plantas. Os orgânicos feitos a partir de matérias-primas de origem industrial, vegetal ou animal com pelo menos um nutriente das plantas. Ambos melhoram as condições físicas, químicas e biológicas do solo.

 

Dezassete, no mínimo

 

A ciência garante que as plantas precisam de pelo menos 17 elementos para brotar da terra, uns são macronutrientes – como o fósforo, potássio e magnésio – e outros micronutrientes – como o ferro e o zinco.

 

E os pesticidas?

 

A agricultura não é um modelo perfeito, tem os seus inimigos, as pragas são um adversário perigoso. Os pesticidas existem para isso. Ou seja, impedem, destroem, repelem ou mitigam as pragas que se atrevem a ameaçar o que queremos no prato. São substâncias ou misturas, são inseticidas que eliminam insetos, são fungicidas que eliminam fungos, são rodenticidas que matam ratos. São tão poderosos que podem eliminar outros organismos, são tóxicos que podem matar humanos. Daí que o seu controlo seja de extrema importância. A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária coordena os controlos oficiais de resíduos de pesticidas em géneros alimentícios e alimentos para animais de origem vegetal.

 

Sustentabilidade e segurança

 

A balança entre o aumento da população e a produção agrícola é difícil de equilibrar. Por outro lado, a escassez de alimentos é um problema complexo que a guerra na Ucrânia veio realçar. E, no meio de tudo isso, há um bem maior que se chama segurança alimentar. O que comemos é seguro? O que consumimos cumpre normas de higiene, de produção, transporte e armazenamento? O controlo químico e microbiológico é bem feito? Tudo isto tem de estar em cima da mesa. Tudo isto exige o máximo cuidado. A capacidade que um país tem de ser autossustentável nos bens alimentares que produz, no que coloca no seu prato, também é importante. E, a reboque de tudo isto, surgem as preocupações pela produção mais sustentável, mais respeitadora da Natureza. Até porque será preciso produzir mais em menos espaço.

 

Do campo ao prato

 

O sistema internacional de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos tem como objetivo evitar potenciais riscos que podem causar danos aos consumidores, de maneira a garantir que alimentos não seguros não sejam colocados à disposição. É um sistema que se baseia na aplicação de princípios técnicos e científicos na produção e manipulação de géneros alimentícios desde o campo até ao prato.

 

Bactérias, fungos, parasitas

 

Os maiores perigos na área alimentar estão identificados. Há os perigos biológicos que são bactérias, vírus e parasitas patogénicos. Há os perigos químicos, os pesticidas, os antibióticos, os aditivos alimentares tóxicos, as tintas, as toxinas do marisco, as partículas dos materiais de embalagens. E há ainda os perigos físicos, palpáveis, como os fragmentos de vidro, metal, plástico ou madeira, bem como espinhas, cascas, areia, pedras, agulhas, ou outros materiais estranhos em alimentos. É um assunto muito sério, portanto.

Texto: Sara Dias Oliveira