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O TikTok vai desaparecer?

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Os Estados Unidos aprovaram uma lei que pode banir a rede social TikTok do país. A discussão não é nova. Há dúvidas sobre a privacidade e a segurança. Há ou não transparência? O futuro está em análise.

EUA e China, o braço de ferro

O TikTok foi retirado dos dispositivos móveis de trabalho dos funcionários públicos dos EUA há mais de um ano. Por uma questão de cibersegurança e preocupação com a proteção de dados pessoais e com a segurança nacional. Meses depois, o Governo americano ameaçou banir de uma vez por todas a rede social chinesa do país. Mais recentemente, em meados deste mês, a Câmara dos Deputados dos EUA voltou à carga: ou a aplicação, nas mãos da empresa chinesa ByteDance, tem um dono americano ou sai de vez dos EUA. O projeto de lei, para que a saída se concretize, foi aprovado, mas ainda terá de passar pelos senadores e pelo presidente Joe Biden que, ao que tudo indica, não se oporá.

 

Uma disputa tecnológica?

O uso de dados pessoais dos utilizadores norte-americanos do TikTok, ainda por cima por uma empresa chinesa, sempre causou apreensão e uma certa indignação. Até porque as gigantes tecnológicas chinesas são obrigadas, por lei, a entregar dados ao Partido Comunista da China, que, aliás, tem vindo a refutar acusações de falta de transparência e que, no entanto, não permite aplicações não chinesas no seu território. A tensão está, portanto, instalada. EUA de um lado, China de outro. Há até quem fale numa “guerra” tecnológica.

 

Outras latitudes, as mesmas preocupações

Depois dos EUA, a Comissão Europeia decidiu banir o TikTok dos telefones e computadores profissionais dos seus funcionários. A decisão espalhou-se. Empregados públicos da Bélgica, Reino Unido, Austrália, Canadá, Dinamarca e Países Baixos estão proibidos de usar a aplicação nos dispositivos tecnológicos de trabalho.

A desconfiança tem subido de tom. Quem descarrega uma app, como sabes, permite o acesso a uma série de dados. O problema é para onde vão essas informações que circulam na esfera digital e o que se faz com elas.

Em 2020, a Índia baniu o TikTok e outras aplicações chinesas, e foram quase 50, porque eram vistas como prejudiciais à segurança e integridade do país.

 

Uma rede extremamente popular

Os números impressionam, de facto. O TikTok, inicialmente lançado em setembro de 2017 e relançado em agosto de 2018, depois de uma fusão de plataformas, bateu o recorde da aplicação mais rápida ao demorar apenas nove meses a atingir os 100 milhões de utilizadores mensais (o Instagram, por exemplo, demorou dois anos e meio a chegar a esse número, e agora o recorde pertence ao ChatGPT com pouco mais de dois meses).

Neste momento, o TikTok tem mais de mil milhões de utilizadores. Só na União Europeia, 125 milhões de pessoas usam a aplicação todos os meses. Em Portugal, são cerca de três milhões.

 

E a Europa, como se posiciona?

O TikTok continua na moda na Europa, especialmente entre os mais jovens, são milhões de utilizadores. É uma plataforma fácil de usar, com muitos vídeos, possibilidade de edição e de partilha. Só que há outras questões e riscos associados, uma maior dependência a esta rede e às suas funcionalidades, sem haver noção do que está por trás de tudo isso. Na Europa, não há uma posição consensual, há países que torcem o nariz e tomam decisões no que é da sua competência, há outros que não fazem disso assunto, como é o caso de Portugal. Seja como for, há campainhas a soar quanto à excessiva dependência em relação à China, e tudo o que isso representa, em que o TikTok é um bom exemplo disso mesmo.

 

 

Não acredito que o que recolhemos seja mais do que a maioria dos participantes do setor

 

Shou Zi Chew
Líder executivo do TikTok lembra que a recolha de dados pessoais é uma prática regular de muitas plataformas digitais.

 

 

 

 

 

Texto:  Sara Dias Oliveira
Ilustração: Freepik.com
Foto: BAY ISMOYO / AFP