Onde estão os portugueses que vivem lá fora

Onde estão os portugueses que vivem lá fora

Portugal é, historicamente, um país de emigrantes. Há muitos anos que se mudam malas para outras paragens e França continua a ser o destino mais procurado. Há várias razões que explicam as partidas.

Portugueses fazem-se à vida

As comunidades emigrantes espalhadas pelo Mundo foram construídas a pulso em busca de melhores condições de vida. Nas décadas de 50 e 60 do século passado, a agricultura não dava para viver e muitos portugueses saíram do país para áreas urbanas à procura de trabalho na indústria. Faziam-se à vida, como quem diz, queriam ganhar melhor para viver melhor. Muitas vezes, iam uns primeiro para abrir caminho e depois chamavam o resto da família.

Houve tempos em que emigrar era ilegal. O país, convém lembrar, viveu em ditadura, situação que também contribuiu para a partida de muita gente. O serviço militar era obrigatório e muitos rapazes fizeram as malas.

Depois da queda do Estado Novo, a emigração acalmou. No entanto, nas últimas décadas, a emigração tem aumentado. Entre 2011 e 2022, cerca de 1,1 milhões de portugueses foram viver para outros países. Em 2014, foi assinalado um recorde de 134.624 saídas.

 

Top 3

França é o país onde mais portugueses moram, são mais de 600 mil, o que representa cerca de 30% do total da emigração nacional no Mundo.
Suíça aparece em segundo lugar com 262 mil portugueses, sendo a terceira comunidade emigrante mais relevante nesse país.
Nos Estados Unidos, moram mais de 161 mil portugueses, o número sobe substancialmente, para mais de um milhão, quando são contabilizados os lusodescendentes.
Reino Unido, Brasil, Canadá, Alemanha, Espanha, Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos são outros países procurados pelos portugueses para viver, trabalhar, estudar.

 

Os motivos para partir não são fáceis

São muitos e são difíceis. Não se pense que é fácil fazer as malas e deixar o país onde se nasceu e cresceu. Os portugueses emigram sobretudo porque procuram melhores condições de vida, melhores salários. Em França, por exemplo, o salário mínimo está prestes a subir para 1800 euros por mês. No Luxemburgo, o ordenado mínimo para um trabalhador qualificado ronda os 3100 euros. Em Portugal, 870 euros é o valor do salário mínimo. A diferença é muita, como se vê. Emigrar para ganhar poder de compra, pois claro.

Os motivos são, portanto, económicos, por necessidade, mas também sociais e políticos. Um país com condições precárias, descredibilizado politicamente, desequilibrado em termos de classes sociais, com poucas oportunidades para quem sai das universidades, não consegue reter talento, aumentar a produtividade, estancar a saída da sua população. Está estudado que a emigração cai em períodos de maior otimismo e confiança social.

 

As saudades da família, as saudades de casa

Os portugueses partem, é povo que aprende rápido uma língua e que se desenrasca com facilidade, mas não esquecem o país. Há comunidades que se juntam para recuperar festas e tradições que celebravam nas suas terras, que abrem lojas com produtos portugueses – o bacalhau, os queijos, os vinhos, os doces e tantas outras iguarias -, que se juntam como uma família. Além disso, todos os verões, há muitos emigrantes que voltam às aldeias, vilas e cidades que os viram partir. Para matar saudades, visitar familiares, passar férias e, quem sabe, analisar se é ou não possível voltar.

 

37%
dos portugueses pretendem sair do país, segundo um estudo divulgado no ano passado – dessa percentagem 64% são jovens entre os 18 e os 24 anos e 34% são pessoas com o ensino universitário

 

Texto: Sara Dias Oliveira