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Onde os bancos andam a perder o nosso dinheiro

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Há quase dez anos que os contribuintes têm de pagar buracos milionários no BES, no Novo Banco, no Banif e até já se fala na possibilidade de ajudar o Montepio. O que é que cria essas dívidas que pagariam os salários de todos os professores durante um ano?

 

Há quantos anos andas a ouvir falar nos “buracos” do Novo Banco, do BES, do Banif, sempre de muitos milhares de milhões de euros, que acabam por ser pagos pelo Estado (e por todos nós)? Bem, tudo começou há quase dez anos, quando o Banco Espírito Santo (o tal BES) foi apanhado a “aldrabar” as contas – dizia-se que era um dos maiores bancos portugueses, tinha quase cem anos e, por isso, só podia ser sólido. Afinal, faltava imenso dinheiro e nem tinha havido nenhum assalto.

O tal buraco do BES, só em Portugal, chegou a quase quatro mil milhões de euros (suficiente para pagar as escolas e os professores todos durante um ano). O banco foi obrigado a fechar. Para os clientes não perderem tudo, foi criado o Novo Banco, onde ficaram os negócios saudáveis do BES.

Mas foi (e continua a ser) preciso tapar o “buraco” e o Fundo de Resolução tem sido o mecanismo que permite ao Estado emprestar dinheiro sem agravar o défice do país. E já foi preciso também para ajudar o Banif.

O que todos gostariam de saber é onde é que os bancos perderam tanto dinheiro, mas ainda andam a investigar em pormenor. Os bancos emprestam dinheiro uns aos outros, às empresas e aos particulares. Por exemplo, emprestam 200 mil euros para uma pessoa comprar uma casa mas, se essa pessoa deixa de conseguir pagá-la, o banco fica com o imóvel que já só vale 50 mil. Perde 150 mil euros. Isto amplificado em milhares de negócios de muitos milhões de euros cria os tais buracos.

 

O Fundo de resolução tem limite?

 

Em teoria, não tem limite, porque foi criado na crise de 2012 para assegurar que os bancos não vão à falência, arrastando-se uns aos outros e acabando com o sistema monetário do país e da União Europeia, podendo as ondas de choque atingir países com que temos negócios, como Angola e Moçambique.

Atualmente, também se fala no “buraco” do Fundo de Resolução, que já é de cerca de sete mil milhões de euros. Além do Estado emprestar dinheiro ao fundo, também os bancos e instituições financeiras (cerca de 40, em 2019) são obrigados a contribuir. Mas, enquanto depositam valores na ordem das centenas de milhões de euros, o Novo Banco tem precisado de milhares de milhões (já foram quase quatro mil milhões de euros, depois de ser vendido).

Texto: Erika Nunes