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Os animais são nossos amigos e nossa fonte de inspiração

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Os movimentos e os comportamentos dos bichos, suas formas e estruturas, são estudados e são pontos de partida para resolver problemas da humanidade. Os cientistas estão atentos a tudo o que mexe. Na terra e no mar.

 

Moscas-da-fruta, abelhas, robôs

O Instituto BioInspired da Universidade de Syracuse, em Nova Iorque, Estados Unidos, olha para o que existe à sua volta com máxima atenção, detalhe a detalhe. O movimento e o comportamento animal são estudados e usados no desenvolvimento de novas tecnologias. Sim, é isso mesmo, os animais inspiram cientistas na procura de soluções que resolvam problemas que os humanos enfrentam.

Nos laboratórios de investigação, não se pára. Estudam-se abelhas para criar pequenos robôs que comunicarão entre si para monitorizar o ar. Analisam-se pés de lagartixas pegajosas para perceber como criar uma fita adesiva que substitua os pontos dados nas feridas. Tenta-se entender como as moscas-da-fruta se movem e processam informação para tentar melhorar a nossa alimentação. Olha-se para cavalos e roedores saltitantes para construir robôs com pernas que andam.

 

Os gatos, as aranhas, as lagostas, a estrela-do-mar

Os faróis dos carros refletem-se nos olhos dos gatos, um inventor atento percebe isso, e cria os primeiros refletores de estrada. Sinalizadores que ficaram conhecidos como olhos de gato.

A estrela-do-mar reproduz-se sozinha e com bastante facilidade. Digamos que cria os seus próprios clones, terá sido ela a fazer soar as campainhas para a clonagem mais falada, a da ovelha Dolly.

As lagostas têm a visão extremamente apurada e os seus olhos foram o ponto de partida para um dispositivo que dá para ver através da parede e para um telescópio de raios-X que analisa espaços celestes.

Nos tempos mais antigos, as aranhas ensinaram a tecer redes. Nos tempos mais modernos, as suas teias inspiraram um tecido super leve e ultra resistente usado no fabrico de coletes à prova de bala, linhas de pesca e peças aeronáuticas.

 

Quem imaginou o velcro nas patas de um cão?

As coincidências acontecem. Em 1942, o engenheiro suíço George de Mestral viu que as patas do seu cão estavam cobertas com pequenas e estranhas plantas. E quis perceber que coisa era aquela. Eram plantas Arctium, encontradas com frequência em baldios e beiras de estrada. Quando Mestral percebeu como essas plantas colavam e deslocavam, criou o famoso velcro nos tecidos.

 

Submarinos e animais marinhos

Os sonares submarinos, que andam no fundo do mar, têm muito de animais marinhos, nomeadamente de baleias e golfinhos. Foram os seus gritos de comunicação e de localização que influenciaram esta tecnologia.

 

Asas de morcego, enguias elétricas

Leonardo da Vinci, inventor e artista italiano, desenhou várias máquinas voadoras entre finais do século XV e início do século XVI. As asas de morcegos e de pássaros foram uma das suas fontes de inspiração para esses artefactos que ele acreditava que poderiam voar, mas que nunca saíram do papel. Da Vinci estudou atentamente voos e estruturas esqueléticas das aves. Muito tempo depois, percebeu-se que as asas dos pássaros têm os seus próprios recursos para estabilizar os seus voos e isso ajudou a criar dispositivos nas bordas das asas dos aviões que se mexem para cima e para baixo na hora de aterrar.

Séculos mais tarde, entre o XVIII e o XIX, Alessandro Volta, químico e físico, também italiano, inventou a pilha elétrica e a primeira bateria. O comportamento da enguia elétrica não escapou ao seu olhar para estas suas criações que ajudaram o mundo a evoluir.

 

Tromba de elefante, pele de tubarão

O esticar da tromba de um elefante, em qualquer direção, inspirou o desenvolvimento de um braço robótico, neste caso, um tubo plástico que simula o papel da coluna vertebral que faz com que a mão fique mais ágil com quatro dedos.

A pele do tubarão tem escamas afiadas e serrilhadas e nada cola nela. O que serviu de ideia para cascos de barcos limpos de qualquer sujidade. Certo dia, um engenheiro francês observou como a cabeça dos vermes perfurava a madeira. Não tardou a aprimorar a técnica com a criação de perfuradoras modernas que, por exemplo, escavaram um túnel sobre o rio Tamisa para construir o metro de Londres.

O pica-pau abre a casca de uma árvore com o seu bico e o seu cérebro não sofre qualquer dano. É um bico que absorve qualquer impacto e os cientistas copiaram esse mecanismo para as caixas negras dos aviões (que são, na verdade, cor de laranja), que ficam intactas em caso de acidente aéreo.

Os pés das lagartixas, a maneira como se prendem e descolam de superfícies, inspiraram uma fita adesiva, super potente, que fixa e é retirada facilmente e sem deixar rasto.

E os robustos cascos dos caramujos andam debaixo de olho de investigadores do Canadá. Eles querem desenvolver um vidro de molusco que poderá ser 200 vezes mais forte do que os vidros tradicionais.

 

Turbinas e dinossauro, lagosta e armaduras

As turbinas de vento são fontes eficientes de energia reutilizável por via da rotação de geradores eólicos. À primeira vista, parecem equipamentos de outra galáxia. Não são. Uma das suas maiores curiosidades tem a ver com as suas origens. As placas ósseas dos dinossauros, mais especificamente dos estegossauros, as suas extremidades pontiagudas e serrilhadas, foram a base deste sistema. Mas não é tudo neste capítulo.

Há baleias muito pesadas, podem chegar às 36 toneladas quando adultas, que nadam de forma graciosa e muito ágil. Um professor dos Estados Unidos olhou bem para as barbatanas dessa baleia e aplicou a sua estrutura às turbinas eólicas. Resultados: mais energia, menos ruído, menos atritos.

No mar, mora outro um animal forte com uma carapaça de alta resistência. É a lagosta-boxeadora que ataca forte e feio os seus inimigos, saindo quase sempre sem um arranhão. Um feito que levou ao estudo da sua composição e permitiu criar armaduras, proteções e diversos equipamentos militares com o objetivo de facilitar a vida aos soldados.

Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: Fotografias Freepik