Foi ainda criança, no colégio religioso, que Carolina Amaral despertou para a representação. “As irmãs decidiram que eu ia ser a protagonista da festa de final de ano, sendo tão irrequieta e afogueada, e lembro-me que, quando atravessei o palco, foi o momento inaugural da experimentação dessa liberdade da qual não mais me quis despedir”, recorda. Nessa época, já queria ser atriz. Hoje, aos 30 anos, destaca-se como Salomé (Sal) na novela da TVI “Cacau”, com créditos firmados na profissão.
Foi uma menina “curiosa, atraída pelo perigo e pelo escondido”. “Os tempos da infância continuam a premir os tempos do meu presente com uma acuidade tremenda. Só assim posso compor e predispor-me aos precipícios que me seduzem no espaço criativo”, sublinha. Desses tempos, lembra-se de abordar a professora primária, “a dona Amélia”, com uma inquietação que a atormentava, e que era “aparentemente irresolúvel” no seu entender: como poderia ser cientista e atriz ao mesmo tempo. “Ela acalmou-me, dizendo-me que encontraria o meu caminho para fazer disso possível. E creio que a partir daí nunca mais questionei a eventualidade de encontrar o meu jeito para cumprir o contraditório que me ergue.”
Com um vasto currículo no cinema, no teatro e em séries, Carolina reconhece que a novela a dá a conhecer a outros públicos. “Há uma audiência muito alargada e, nem que seja por esse facto, creio que outras pessoas acabarão por conhecer o meu trabalho”, admite.
A atriz tem formação em Ballet Clássico, Dança Moderna e Contemporânea, e canta, além de tocar guitarra e auto-harpa, o que lhe empresta versatilidade. Podia ter seguido qualquer arte, mas foi no teatro que apostou ainda em Guimarães, a cidade natal. Aos 17 anos, ingressou na ESMAE, onde se licenciou, antes de continuar os estudos no Conservatório Superior de Arte Dramática, em Paris, onde se cruzou com referências das artes performativas europeias como Thomas Ostermeier, Tatiana Frolova ou Nada Stancar. A natureza explosiva valeu-lhe a alcunha de “Carolina est folle” (Carolina é louca), antes de regressar a Portugal para dar vida a papéis desafiantes, “levantando questionamentos sem freio”. Afinal, “foi o que me atirou a esta prática”, conclui, certa da escolha que fez.
Texto: Sara Oliveira
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