Sunitas e xiitas lutam há séculos

Sunitas e xiitas lutam há séculos

Ponto em comum: o Islão. Sunitas e xiitas são os dois maiores grupos muçulmanos. O conflito começou após a morte do profeta Maomé, no ano 632. Até hoje.

Descobre o que separa estas correntes do islamismo, lideradas por dois países poderosos: Arábia Saudita e Irão.

 

 

Quais as diferenças?

O Islão é a religião seguida pelos muçulmanos – são cerca de 1,5 mil milhões de crentes com forte presença geográfica do norte de África à Indonésia, na Ásia.

Mais de 80% dos muçulmanos são sunitas, enquanto os xiitas representam perto de 20 %, e na origem destes dois grupos estão divergências relacionadas com o sucessor do profeta Maomé, que morreu no ano 632, no território que atualmente conhecemos como Arábia Saudita. Os sunitas defendiam que devia ser um conselheiro do profeta escolhido através de eleição. Já os xiitas entendiam que Ali, genro de Maomé, é que era o seu sucessor legítimo na liderança do povo muçulmano. Seguiram-se anos de disputa, com um líder sunita assassinado, guerras civis e rebeliões. Ao longo de 14 séculos, este conflito pelo poder político e religioso acentuou ainda mais as diferenças entre os dois grupos, alimentando o ódio entre ambos.

A Arábia Saudita continua a ser o país de referência dos sunitas no mundo árabe. O vizinho Irão – um país poderoso e, tal como os sauditas, produtor de petróleo- é o que tem maior representação xiita (93,6%), seguindo-se o Azerbaijão (85%), o Bahrein (74%) e o Iraque (66%). É aliás no Iraque, mas também na Síria e no Iémen, que o confronto entre sunismo e xiismo está mais intenso atualmente, com o envolvimento e apoio das duas grandes potências: Arábia Saudita e Irão.

 

Porque lutam?

 

Os dois rivais estão em constante luta para terem maior domínio e influência no Médio Oriente. Para perceberes melhor, muitos grupos extremistas envolvidos em conflitos armados para conquistarem terreno nesta região do Globo são constituídos por combatentes sunitas, como os Talibã (Afeganistão e Paquistão), a al-Qaeda (Iraque) e o Estado Islâmico (Síria), por isso têm merecido o apoio político e financeiro da Arábia Saudita. Do outro lado está o Irão, que apoia o governo iraquiano, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e a luta dos rebeldes Huthis do Iémen.

Outra peça neste jogo é os Estados Unidos da América, que costuma ser apresentado como inimigo número um do Irão e que manifestou ainda mais apoio à Arábia Saudita desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, em 2017. No início de janeiro, um importante general iraniano, Qasem Soleimani, foi morto por suspeitas de que estaria a planear um ataque contra americanos. A ordem foi dada por Trump e deixou o Irão enraivecido, com promessas de vingança. O aumento da violência fez soar os alarmes da comunidade internacional, com receio de uma nova guerra na região. A resposta de Teerão surgiu dias depois, com o lançamento de mísseis contra bases militares no Iraque onde estavam militares americanos.

A tensão entre sunitas e xiitas é tão acentuada que à mínima provocação pode surgir um novo confronto.

 

Texto: Sandra Alves