“Tiveram 30 anos de blá, blá, blá e onde é que isso nos levou?”

“Tiveram 30 anos de blá, blá, blá e onde é que isso nos levou?”

Greta Thunberg fez mais um discurso duro, que foi mais um dedo acusador bem apontado aos governantes e adultos do mundo. 

Este seu discurso aconteceu no Youth4Climate, em Milão, dia 28 de setembro de 2021, um encontro de jovens preparatório da COP26, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que terá lugar em Glasgow (Escócia) em finais de outubro.  Participaram 400 jovens de quase 200 países, com idades entre os 15 e os 29 anos, para prepararem em conjunto um documento com propostas ambientais.  

Para Greta, a COP26 é só para “encher as vistas”, não vale de nada. 

“Eles convidam jovens escolhidos a dedo para reuniões como esta e afirmam ouvir-nos, mas não o fazem, não nos ouvem, nunca o fizeram” (…) Não há planeta B, não há planeta blá blá blá blá, blá blá blá blá, economia verde blá blá blá, neutralidade de carbono em 2050 blá blá blá. É tudo o que ouvimos dos nossos chamados líderes (…) palavras que soam bem mas que não levaram à ação, as nossas esperanças e sonhos afogaram-se nas suas palavras e promessas vazias (…) Claro que precisamos de um diálogo construtivo, mas tiveram 30 anos de blá blá blá blá e onde é que isso nos levou? ”, questiona a jovem ativista sueca. 

E Greta tem uma solução para este impasse: “Nós podemos mudar as coisas. Já não podemos deixar que os detentores do poder decidam o que é politicamente possível ou não, já não podemos deixar que os detentores do poder decidam o que é a esperança. A esperança não é blá, a esperança é dizer a verdade, a esperança é agir, a esperança vem sempre do povo”.

Greta foi aplaudida por todos os outros jovens, o que é mais um dado importante para refletirmos. Segundo os últimos estudos da ONU publicados em setembro, o planeta está a caminhar para um aquecimento “catastrófico” de +2,7°C, aumentaram as catástrofes climáticas e de maior dimensão, o que espanta o nosso mundo civilizado que pensa que ainda há tempo. Não bastam palavras, temos mesmo de agir, agora, cada um por si no seu cantinho, mas todos a remar na mesma direção – proteger a Terra, o nosso futuro. 

Greta Thunberg, defensora feroz das causas ambientais, criou o movimento internacional “Fridays for future”, também conhecido por greve climática estudantil, em protesto contra a falta de ação que os líderes de todos os países têm manifestado para com o nosso planeta e o futuro dos jovens. Esse protesto simbólico consiste numa greve geral dos alunos às aulas de sexta-feira, participando em manifestações para mobilizar as pessoas a assumir atitudes mais responsáveis, como a preferência crescente de energias renováveis, gestos que possam travar as alterações climáticas e a degradação da Terra.

Texto: Maria José Pimentel
Foto: Matteo Bazzi/EPA