Um médico ou um músico não podem, em princípio, trabalhar a partir do sofá, mas um programador ou um gestor de redes sociais pode ganhar a vida com um computador desde que tenha wi-fi (e bateria ou uma tomada para ligar à eletricidade). Qual preferes ser?
Os empregos estão a mudar e a organização do trabalho também: em vez das hordas de trabalhadores que, desde o início da industrialização, se dirigiam para as fábricas para cumprir turnos fixos, temos cada vez mais diversidade de locais de trabalho, variedade de funções e flexibilidade de horários. Os empregos mais tecnológicos permitem que mais pessoas possam desempenhar tarefas à distância, através do computador, a partir de uma esplanada num dia de verão ou do sofá da sala aquecida lá de casa no inverno.
Por um lado, há quem tema que o aumento de trabalhadores independentes, sem um vínculo permanente a uma empresa que assegure estabilidade de trabalho e de salário, bem como a proteção social que garante o pagamento de salário em situação de doença ou durante as férias, esteja a “destruir” a organização social do último século. Por outro prisma, muitos jovens não querem mesmo ter uma vida que consideram monótona, todos os dias fechados no escritório, com as mesmas pessoas, a desempenhar as mesmas tarefas e, enquanto puderem, preferem trabalhar quando e onde decidirem.
O que é ser trabalhador independente?
Existem vários tipos de contrato de trabalho. Os trabalhadores por conta de outrem estão ligados a uma empresa, por tempo certo (o contrato tem fim marcado), incerto (a data para acabar depende de algo específico) ou sem termo (chamados “dos quadros”, só acaba mediante condições). O trabalhador independente ou freelancer é um “prestador de serviços”, que trabalha para várias empresas, pela natureza da tarefa. Enquanto os primeiros têm um local e ferramentas de trabalho fornecidos pela empresa, que marca horário de trabalho e férias, entre outras obrigações, este último está por conta própria no que toca a escritório, materiais de trabalho, tempo de trabalho e férias.
Podemos trabalhar na praia?
Nas empresas em que a presença física dos funcionários pode ser dispensada, muitas vezes trabalham a partir de casa (ou na praia, se quiserem) e nos horários em que se sentirem mais produtivos. O escritório de antigamente é cada vez mais flexível e o ambiente também sai a ganhar se houver menos trânsito em horas de ponta, pelo que esse poderá ser o futuro da maioria das profissões.
O freelancer também pode, se a profissão o permitir (uma bailarina, por exemplo, não consegue), trabalhar onde quiser: em casa, na praia, num espaço de co-work… Estes locais, que oferecem secretárias, wi-fi, salas de reuniões e outras regalias, têm-se multiplicado nas cidades à medida que os modelos de trabalho se flexibilizam e os jovens precisam de ter um local onde receber clientes, trocar ideias com outros (até podem vir a trabalhar juntos) e conhecer pessoas novas (porque trabalhar sozinho pode ser desmotivante).
Que ambiente de trabalho é melhor?
Todas as situações têm vantagens e desvantagens. Lembra-te, antes, do que disse o filósofo chinês Confúcio: faz o que gostas e não terás de trabalhar um único dia da tua vida. Podes preferir a certeza de um local de trabalho onde todos os pormenores são acautelados pela entidade patronal ou podes querer trabalhar onde quiseres, à hora que quiseres, se puderes ter clientes suficientes para poderes viver bem e tirar férias quando o negócio abrandar. Se gostares do que fazes, serás feliz.
Texto: Erika Nunes