O Aeros MH-1 é o segundo satélite português da história a cruzar os limites da Terra. Durante três anos, vai observar oceanos e monitorizar alterações climáticas. É o primeiro de uma anunciada “constelação”.
Thales Edisoft Portugal/Facebook
A chegada
O segundo satélite português da história a chegar ao espaço seguiu a bordo do foguetão Falcon 9, da Space X, a empresa do multimilionário Elon Musk, de quem com certeza já ouviste falar. O Falcon, que partiu da base de Vandenberg, na Califórnia (Estados Unidos), ergueu-se nos ares pelas 22 horas de 4 de março, tendo ejetado o MH-1 com sucesso quase uma hora depois, quando se encontrava a 510 quilómetros de altitude.
SpaceX/Facebook
O satélite
O Aeros MH-1, assim batizado em homenagem a Manuel Heitor, antigo ministro da Ciência que assinou em 2018 a estratégia de Portugal Espaço 2030, é um nanossatélite científico de observação, com 30 centímetros de altura e dez de largura. Pesa menos de cinco quilos. Foi criado por um consórcio de 12 parceiros, entre empresas e instituições académicas, e custou perto de três milhões de euros.
Está equipado com câmaras e um sistema de transmissão de dados que serão recebidos no teleporto da ilha de Santa Maria, nos Açores, e posteriormente enviados para o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento), em Matosinhos, que os vai processar. Tem como principal missão a observação de oceanos e a monitorização de alterações climáticas.
O primeiro passo
O envio do MH-1 para o espaço foi o primeiro passo no que muitos auguram que possa ser a primeira era espacial portuguesa. É que, até 2026, é esperada a criação de uma constelação de satélites capaz de monitorizar o território nacional a partir do espaço, em especial a região do Atlântico. Ao todo, está previsto o lançamento de 30 satélites portugueses.
O POsat1
Foi em 1993 que descolou o primeiro satélite português, o único, em tantos anos de história, a chegar ao espaço antes deste MH-1. O POsat1 nasceu da conjugação de esforços da indústria portuguesa e do Ministério da Indústria e Energia, então liderado pelo Governo de Cavaco Silva. Foi particularmente útil no final dos anos 1990, com os militares portugueses a utilizarem-no para transmitirem mensagens na Bósnia ou em Angola. Na altura, estava previsto lançar um segundo POsat, mas o processo ficou-se pelas intenções. Desde 2016 que este satélite não comunica com a Terra. No entanto, permanece em órbita.
Texto: Ana Tulha