Um dia para lembrar que as crianças não devem trabalhar

Um dia para lembrar que as crianças não devem trabalhar

Sabias que existem cerca de 152 milhões de crianças que se encontram a trabalhar, das quais 73 milhões executam trabalhos perigosos? E que a pandemia veio agravar esta situação?

O Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil é celebrado anualmente a 12 de junho, promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), da ONU, associada à Unicef.

Há um princípio-base por detrás desta efeméride: nenhuma pessoa deveria desejar que uma criança trabalhasse como um adulto, porque esta ainda tem que aprender, crescer e brincar antes de passar à vida profissional. Até em casa, nenhuma criança pode substituir um adulto no sustento da família.

“As crianças não devem trabalhar nos campos, mas em sonhos”

No séc. XXI ainda há muitos lugares no mundo onde as crianças são obrigadas a trabalhar diariamente, quando deveriam estar na escola a aprender e a construir um futuro melhor para si e para as suas famílias. E, dada a sua vulnerabilidade, é fácil um adulto explorar o seu trabalho, indiferente aos males que daí provenham para o crescimento saudável e harmonioso de uma criança.

O relatório da OIT e da Unicef, “Trabalho Infantil: estimativas globais 2020, tendências e o caminho a seguir” alertou para o seguinte:

– O número de vítimas de trabalho infantil aumentou para 160 milhões em todo o mundo (sobretudo entre os 5 e os 11 anos), com outros milhões em risco de exploração devido aos impactos da covid-19.

– Aumentou o número de crianças dos 5 aos 17 anos envolvidas em trabalhos perigosos, sendo muitas vezes expostas a conflitos armados.

– A África Subsaariana é a região do mundo com a prevalência mais elevada e o maior número de crianças em trabalho infantil.

– Mais de 20 em cada 100 crianças entram no mercado de trabalho aos 15 anos de idade nos países pobres.

– Há mais trabalho infantil ligado à agricultura (70%), do que aos serviços (20%) ou à indústria (10%), concentrando-se muito mais em zonas rurais do que em zonas urbanas.

– 28% das crianças dos 5 aos 11 anos e 35% das crianças dos 12 aos 14 anos de idade em situação de trabalho infantil não vão à escola.

– O trabalho infantil é mais comum entre meninos do que entre meninas, excluindo as tarefas domésticas, onde a diferença é menor.

– A maioria das crianças em situação de trabalho infantil trabalha para a sua família ou em contexto familiar.

– No trabalho infantil, pode haver abusos físicos e psicológicos.

2021 foi o o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil e os Estado membros das Nações Unidas renovaram então o seu compromisso de erradicar o trabalho infantil – “Esta declaração pretende instar os governos a fazerem o que seja necessário para atingir a meta 8.7 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Os países devem tomar medidas imediatas para erradicar a prática de crianças no trabalho, acabar como formas análogas à escravidão ou formas de escravidão moderna e o tráfico humano”.

 

Texto: Maria José Pimentel
Foto: K.M.Choudary/AP/Arquivo