Commonwealth. O que é esta organização?

São 53 estados soberanos, a maioria ex-colónias britânicas. É uma comunidade de nações, diferentes entre si, com objetivos comuns. Depois da morte da rainha Isabel II, o rei Carlos III é o chefe desta estrutura intergovernamental que não escapa a críticas.

Começou por se chamar Comunidade Britânica, proposta formalmente em 1917. O Império Britânico estava a mudar, várias colónias tornavam-se independentes – o Egito em 1922, o Iraque em 1932. Era necessário alimentar o diálogo e as relações. Definiram-se então alguns princípios entre os países. Iguais em estatuto, independência nos assuntos internos e externos, fidelidade à Coroa, à rainha, liberdade para fazer parte da Commonwealth que viria a ser formalizada em 1931. É uma comunidade de nações. Nações que, volta e meia, colocam o dedo na ferida.

 

Como uma família (ou nem por isso)

Os impérios que têm as suas colónias, isto é, países sob o seu domínio, têm destas coisas. Desavenças, críticas, feridas por sarar. E a fidelidade à Coroa e à monarquia britânica é tida como um modelo ultrapassado e desgastado. As críticas têm disparado em vários sentidos.

O passado colonial é um verniz que estala em diversos momentos, há quem peça compensações financeiras pela escravidão que os seus povos sofreram, quem defenda esta reparação histórica, há quem não queira continuar a ter a casa real britânica como chefe de Estado.

Alguns países-membros da Commonwealth defendem que esta comunidade tem de responder às necessidades e anseios das suas populações e deixar de ser uma estrutura que julga e trava investigações internacionais à violação de direitos humanos – como o que se passou no conflito étnico no Sri Lanka, entre 1972 e 2009, onde terão morrido cerca de cem mil pessoas, segundo a ONU. O desconforto é evidente. O poder, mesmo que simbólico, da monarquia já não é o que era.

 

A rainha morreu. E agora?

O rei Carlos III, proclamado rei depois da morte da rainha sua mãe, é agora o homem ao leme da Commonwealth. O monarca é reconhecido como chefe de Estado dos quatro países do Reino Unido de outros 15, como é o caso da Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Belize, Jamaica, Papua-Nova Guiné e Bahamas, entre outros.

 

Valores comuns

Democracia, direitos humanos, liberdade, livre comércio, paz mundial. Estes são alguns dos valores do grupo de estados soberanos da Commonwealth. Não se trata de uma união política, não há um tronco ideológico partidário único, mas sim uma organização intergovernamental. Cada país tem a sua forma de estar, de viver, de gerir. Entre si, não são consideradas nações estrangeiras. Nesta comunidade, estão países como Chipre, Trindade e Tobago, Sri Lanka, Tanzânia, Singapura, Serra Leoa, África do Sul, Austrália, Canadá, Índia, Jamaica. Se, no início, a concessão de benefícios e facilidades comerciais entre o grupo era um objetivo maior, agora a assistência educacional é mais evidente.

Os Jogos da Commonwealth serão, porventura, a face mais visível desta organização. Evento desportivo, com rugby, atletismo, boxe, críquete, que este ano teve lugar em Birmingham, Inglaterra.

 

Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: ANDY RAIN/EPA