Corre, corre e corre. Mas à tua medida

Corre, corre e corre. Mas à tua medida

A corrida tornou-se um hábito entre muitas pessoas – família, amigos e vizinhos. E ainda bem, porque as vantagens são muitas.

Para Carlos Oliveira, de 36 anos, natural de Espinho, a corrida “é a coisa secundária mais importante” na vida. Sente-se como “numa espécie de consultório emocional” quando corre num “trail running” – correr no monte é o tipo de corrida que mais aprecia. É neste cenário que liga todos os seus elementos. Foi aos 33 anos, a sentir-se “um mamute”, depois de ter corrido cinco quilómetros, com um final miserável para o corpo, que o repórter de imagem de profissão decidiu “dar um rumo à vida” em prol da saúde.

“Sinto que, quando corro às sete horas, estou a ser um privilegiado por abraçar o dia uma hora mais cedo do que toda a gente. É como se fosse o primeiro pescador a atirar a rede ao mar naquele dia. Tenho um prazer enorme em ver o dia a nascer, as lojas a abrirem e ver os primeiros raios de sol do dia”, enfatiza em conversa com o TAG, confessando que “faça chuva, vento, frio”, reúne o seu micronúcleo de corrida e vai treinar.

É de opinião que o desporto deveria ser obrigatório até ao final do Ensino Superior. “Um corpo ativo traduz-se numa mente mais equilibrada, atenta e feliz”, realça. Se tivesse que apontar um lado mau à prática da corrida seria a “permanente inquietude”: “Quero sempre mais desafios que sejam formas de me auto superar”.

 

Investimento zero, grande retorno 

Pedro Amorim, chefe do Serviço de Anestesiologia do Hospital de Santo António, no Porto, e praticante de corrida, lembra ao TAG que os bebés começam por correr, porque é “o mais espontâneo, natural e fisiológico”. No entanto, tudo o que dizemos ao bebé é “não corras”. A corrida para um praticante amador é, no ponto de vista do médico, “o melhor e mais importante investimento para a saúde que o ser humano pode fazer”.

A corrida tem um “custo zero de investimento” e o “retorno é garantido pelo lado social e da Natureza”. “Bastam umas sapatilhas em condições e ter a motivação de sair da zona de conforto”, resume o especialista que, a cada aniversário, corre o número de quilómetros correspondente à idade. Vai em 64 e promete manter a tradição até aos 70 anos.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) estabeleceu, há quatro anos, o programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, que recomenda objetivos diferentes para cada faixa etária. Na idade adulta, o aconselhável é acumular, pelo menos, 150 minutos por semana de atividade física ou 75 minutos de atividades vigorosas.

 

Atividade três vezes por semana 

Crianças e adolescentes devem praticar 60 minutos de atividade física, nomeadamente corrida, 20 a 30 minutos, três vezes por semana. Nos mais velhos, caminhar, pelo menos 30 minutos, cinco dias por semana, é suficiente para manter o movimento.

No mesmo programa, está escrito que os benefícios à saúde através da corrida traduzem-se na melhoria da parte cardiorrespiratória, e é a forma mais barata – basta sair à rua – de perder peso e promover bem-estar físico e mental.

Por outro lado, a DGS avisa que a prática exagerada – ou seja, ultrapassar os tempos de corrida descritos acima – poderá resultar no envelhecimento precoce, baixa de imunidade (ficar mais propenso a infeções) e irregularidade no batimento cardíaco.

Texto: Joana M. Soares