Crise das matérias-primas. Como nos afeta?

Crise das matérias-primas. Como nos afeta?

Sabias que, por esta altura, os teus pais podem ter dificuldades em comprar um carro novo (mesmo que tenham dinheiro para ele)? E que a consola que tanto queres pode ter de esperar? E que até as obras da tua casa nova vão “sofrer”? Fica a saber porquê.

Construção, indústria automóvel, mobiliário, têxtil, calçado, papel. Estes são setores que, nos últimos tempos, têm sido particularmente afetados por uma crise de matérias-primas global. Como seria de esperar, Portugal não foge à regra.

 

 

Uma tempestade perfeita

 

Mas, então, perguntas tu, a que se deve esta crise? A uma infeliz coincidência de dificuldades. Desde logo, a pandemia, que obrigou a confinamentos por todo o Globo e que por sua vez se traduziram em quebras de produção. Geraram-se então desequilíbrios entre a oferta e a procura. Ou seja, começámos a querer comprar mais do que o que estava disponível. Até porque estes confinamentos foram mais prolongados em vários países asiáticos, que são responsáveis por uma parte significativa das importações dos países europeus.

 

 

Contentores em falta, energia em alta

 

A este problema junta-se um outro, relacionado com os contentores usados para transportar grandes quantidades de mercadoria, sobretudo quando falamos de deslocações de milhares de quilómetros. O número de contentores disponíveis não tem estado à altura das necessidades, o que leva a atrasos significativos. Se ainda juntarmos a isso a crise energética, com o preço da eletricidade a atingir níveis recorde (e ainda o aumento do preços dos combustíveis), não é admirar que os preços subam em flecha, dificultando ainda mais a aquisição de certas matérias-primas. Pois, é uma bola de neve.

 

Semicondutores, madeira, trigo

 

Exemplos práticos? Um dos materiais que mais tem faltado são os semicondutores (materiais capazes de conduzir correntes elétricas), que são fundamentais tanto nos automóveis – daí que neste momento possa ser difícil comprar carro novo -, como nos telemóveis e computadores. A mesma escassez afeta os materiais de construção, como o aço, o cobre, a madeira, o vidro – por isso, até já há obras paradas. E nem o setor alimentar escapa, até porque, neste caso, às condicionantes da pandemia juntam-se vários anos de más colheitas. O trigo, por exemplo, essencial para o pão, tem registado preços historicamente altos. E a lista de exemplos daria para encher o resto da página.

 

 

Texto: Ana Tulha