Errar é humano. E pedagógico

Desenvolver competências emocionais para aceitar os falhanços não só é desejável como fundamental para te tornares um adulto confiante e capaz de arriscar. Além de que só com o acumular das tentativas podemos ser excecionais no que quer que seja.

Acabaste o último ano com boas notas, no geral, mas um teimoso 3  a Matemática. No futebol, falhaste um golo de baliza aberta. No xadrez, perdes quase sempre com o teu irmão. E até para fazeres um avião de papel em condições precisaste de uns quantos papéis amarrotados. Não te culpes. Temos boas notícias. Esses erros não só são normais como podem ajudar a fazer de ti um adulto mais capaz e confiante. Como?

 

A motivação certa

A psicóloga clínica Inês Afonso Marques, especialista na área infantojuvenil, ajuda a explicar: “Se aspiramos a registos de perfeccionismo, e alimentamos expectativas não realistas de que não podemos errar, vamos sofrer com isso. É preciso encarar o erro como algo natural. E quanto mais cedo desenvolvermos competências emocionais para perceber isso melhor”. Claro que não deves encolher os ombros de cada vez que falhas. Ficar triste ou frustrado é bom, até dado ponto. Ajuda-te a querer fazer melhor, a ganhar motivação para voltar a tentar. A crescer e a tornares-te excecional. “O erro pode ser o motor para o desenvolvimento de competências como a criatividade, a tolerância à frustração, a persistência, a curiosidade e a resiliência”, sublinha a especialista. E da falha podem surgir grandes descobertas.

 

O post-it

Inês Marques dá como exemplo a história do post-it. Na década de 1970, Spencer Silver, químico na empresa 3M, uma multinacional com várias áreas de negócio, estava determinado a criar um adesivo extremamente forte. Só que o que obteve foi um adesivo de baixa aderência, apenas capaz de segurar um pedaço de papel. Escusado será acrescentar que o “falhanço” dele se tornou uma invenção de sucesso.

 

Atenção à insegurança

Aliás, sabes o que acontece se não aceitares o erro como algo natural (ou se à tua volta alguém te fizer sentir culpado sempre que falhas)? Nada de bom. “Crianças assim podem tornar-se adultos mais inseguros, com mais medo de arriscar e de sair da zona de conforto.”

 

Texto: Ana Tulha
Ilustração: Bárbara R.