Há boas notícias vindas da estratosfera

Há boas notícias vindas da estratosfera

O buraco na camada do ozono tem diminuído e está a poucas décadas de desaparecer. A conclusão é do novo relatório das Nações Unidas (ONU), que é atualizado a cada quatro anos. E que estima que os danos na camada que protege a Terra de raios solares ultravioleta possam estar completamente revertidos até 2040 na maior parte do Mundo.

A importância destes dados

Podemos olhar para a camada do ozono (que é composta, tal como o nome indica, pelo gás ozono) como um escudo protetor da Terra. Está localizado numa região da atmosfera chamada estratosfera e fica a uma distância de entre 20 a 35 quilómetros da superfície do nosso Planeta.

Este escudo é uma barreira à passagem de 95% dos raios solares ultravioleta, ou seja, impede que atinjam a superfície da Terra. E por que é que isto é importante? O ozono é o único gás capaz de filtrar a radiação UV-B, a mais prejudicial aos seres humanos, que aumenta o risco de desenvolver, por exemplo, cancro de pele. E é também o único gás capaz de filtrar os raios UV-C, que são nocivos à biosfera.

O problema é que as ações humanas, nomeadamente com a emissão de gases clorofluorcarbonetos (CFC), danificaram este escudo e criaram o chamado buraco do ozono. Mas há boas notícias: ele está finalmente a diminuir.

 

O que é que contribuiu para chegarmos aqui?

O buraco do ozono está a fechar porque foram tomadas medidas para impedir que houvesse nova produção e libertação para a atmosfera de gases que tinham efeitos danosos no escudo protetor da Terra. E isso deve-se a um raro acordo universal, ratificado por 197 Estados e pela União Europeia. Chama-se Protocolo de Montreal, foi assinado em 1987 e tinha como objetivo erradicar 99% dos químicos nocivos à camada do ozono.

Ora, o acordo definia a proibição de substâncias, incluindo os CFC que eram utilizados em aparelhos de ar condicionado, frigoríficos ou desodorizantes. Mais tarde, em 2016, foi feita uma atualização, que prevê também eliminar os hidrofluorocarbonetos (HFC), que tinham sido usados como substitutos dos CFC. A verdade é que, desde então, tem havido uma notável recuperação na camada do ozono.

 

Alterações climáticas e buraco do ozono. Há ligação?

A redução do buraco do ozono é uma história de sucesso ambiental. Mas, buraco do ozono e alterações climáticas são dois problemas distintos, embora possam estar ligados. Um tem a ver com a permeabilidade da atmosfera aos raios ultravioleta, como já explicámos. O outro tem a ver com a incapacidade de a atmosfera refletir o calor, ou seja, está mais ligado ao aquecimento global. Neste caso, o principal culpado é a emissão de gases com efeito de estufa. Dentro deles, o CO2 é o mais relevante e tem origem, principalmente, na queima de combustíveis fósseis como o carvão mineral, o gás natural e o petróleo. Significa isto que as atividades humanas levaram ao aumento da presença desses gases na atmosfera fazendo com que eles retenham mais calor e aumentem a temperatura do Planeta.

 

O futuro

O sucesso em eliminar os químicos nocivos para a camada do ozono mostra, como reconheceu a ONU, que há esperança para que o mesmo caminho seja feito no que toca a cortar com os combustíveis fósseis. Aliás, o Protocolo de Montreal é já considerado o mais bem sucedido tratado ambiental da história e isso pode incentivar os países a continuarem a agir em conjunto para responder ao desafio maior, o da redução das emissões de CO2 para travar o aquecimento global. Mas vamos focar-nos, agora, no futuro do buraco do ozono. Para não reverter o caminho feito até aqui é importante continuarmos atentos aos produtos que vão sendo lançados no mercado, especialmente nos sprays e refrigeração, para se ir detetando os que são nocivos à camada do ozono e proibir a sua comercialização.

Texto: Catarina Silva
Ilustração:  Freepik