Nem tudo o que a Natureza dá é bom para nós

Nem tudo o que a Natureza dá é bom para nós

Mesmo crescendo ao ar livre, existem alimentos que não fazem bem à saúde. Há cogumelos venenosos. Há plantas, flores e frutos perigosos. Muitas vezes, o visual engana. Cuidado, muito cuidado, com o que brota da terra.

Outono é tempo deles, dos cogumelos, que despontam nas florestas. Há os que se comem e os que envenenam. Há frutos, ervas e flores que nascem e crescem a céu aberto, mas nem tudo o que a Natureza coloca à vista pode ir à boca (há exceções, naturalmente, como amoras, framboesas, mirtilos, abrunhos e outros frutos silvestres inofensivos). O aspeto e as características ajudam a separar o trigo do joio. Em caso de dúvida, consultar os entendidos na matéria. Sem hesitar.

 

Chapéu-da-morte, cicuta verde

Cogumelo da família Amanitas, o mais venenoso, de seu nome Amanita Phalloides, tratado por chapéu-da-morte ou cicuta verde. Perigosíssimo. Provoca náuseas, vómitos, diarreia, febre entre seis e 24 horas após a sua ingestão. Um a dois dias depois, gastroenterite, problemas no funcionamento do fígado e dos rins. Três a cinco dias, danos graves e irreversíveis no fígado, podendo ser necessário transplante hepático. No limite, causa a morte. Eles andam aí, em matos e florestas.

 

Paxilo-enrolado

Paxillus involutus é o nome científico, cogumelo tóxico, mortal, destrói os glóbulos vermelhos. É castanho, o seu chapéu tem entre quatro e 15 centímetros de diâmetro, fica viscoso quando está húmido, a margem é bastante enrolada. Quando manipulado, fica avermelhado. Não é esquisito, nasce em todo o país. É o tempo dele, mas convém manter distância.

 

Mata-mosca, mata-bois

Cogumelo vermelho-vivo com pintinhas brancas, lindo de morrer, parece saído de um livro de histórias de encantar. Amanita muscaria é o nome científico, conhecido como mata-moscas, mata-bois, frades-de-sapo. É uma espécie tóxica, possui propriedades psicoativas e alucinogénias para humanos, provoca náuseas, tonturas, confusão mental, alucinações. Para ver e fotografar, comer jamais.

 

Parecem mirtilos, mas não são

Erva-moura, Solanum nigrum como nome científico, é uma planta semelhante à que dá beringelas e à que dá tomates, de folhas largas, flores brancas. Só que não é a mesma coisa. Os frutos negros da erva-moura, que parecem mirtilos, não são comestíveis. Atenção, muita atenção. Ingeridos por engano, o corpo é que sofre. Ardor na boca e na garganta, vómitos, náuseas, diarreia. No limite, convulsões, paragem cardiorrespiratória, morte.

 

Erva-dedal, boca-de-sapo

As suas flores são bonitas, de cor púrpura, a planta chama-se dedaleira, Digitalis purpurea na ciência, conhecida por erva-dedal por causa do visual. Boca-de-sapo, calças-de-cuco, erva-dedeira são outros dos seus nomes populares. As flores ficam bem em jarras, a ornamentar, a planta é nativa do nosso país, ilhas incluídas, e não é muito confiável, apesar de algumas propriedades medicinais descritas no passado, sobretudo para tratar a tosse. O problema é a toxina que alberga e a infusão e ingestão de folhas podem atacar o coração.

 

Cicuta, altamente tóxica

Quando se olha para ela, parece uma planta inofensiva. Não é. Cresce em todo o país, chama-se cicuta, ostenta o nome técnico Conium maculatum, e tem uma toxicidade muito alta. Ardor na boca e na garganta, vómitos e diarreias, paralisia progressiva dos músculos, convulsões. Hospitalização imediata em caso de intoxicação. Reza a história que o filósofo Sócrates, da Grécia Antiga, foi condenado à morte por ingestão de uma tisana de cicuta. Por outro lado, manuseada por especialistas, de forma certa e em pequenas doses, é utilizada como analgésico. São as maravilhas da Natureza.

 

Hera venenosa

É verde, folhas verde-vivo, parece inofensiva em bosques e florestas, só que não é bem assim. O óleo que reveste as folhas da hera venenosa (o nome não podia ser mais elucidativo) provoca erupção cutânea avermelhada com bolhas. Uma dermatite de contacto que começa entre oito e 48 horas depois do toque, com comichão que resvala para inchaço e borbulhas na pele.

Texto: Sara Dias Oliveira