O ABC das profissões que já não se usam

O ABC das profissões que já não se usam

Sabes o que fazia um amolador? E um datilógrafo? Sabias que os sinaleiros eram conhecidos por “cabeças de giz”? E que as lavadeiras se tornaram figuras tão populares que inspiraram músicas e filmes? Uma viagem aos ofícios do passado.

A modernidade o desenvolvimento das novas tecnologias (quase) condenaram uns quantos ofícios ao desaparecimento. Para que não lhes percas o resto, recordamos-te alguns. Com a ajuda do historiador Germano Silva, que acaba de lançar um livro sobre o assunto, “Porto, Profissões (Quase) Desaparecidas”.

 

Amolador

Quando a gaita de beiços se anunciava, estridente como só ela, já se sabia que o amolador andava por ali. Sabes o que fazia? Afiava tesouras e navalhas e ainda arranjava guarda-chuvas e louça de porcelana. Tudo com uma espécie de “escritório portátil”: nada menos do que uma velha bicicleta que servia, ao mesmo de tempo, de meio de transporte e de oficina. Duas curiosidades a propósito dos amoladores: a primeira é que, em tempos muito antigos, o ofício de amolar tesouras e navalhas pertencia aos barbeiros; a segunda é que ainda recentemente andava um amolador junto ao Bolhão, no Porto. Definitivamente um dos últimos resistentes.

 

Ardina

 

Os ardinas começaram a vender jornais nas ruas em meados do século XIX. Até aí, quem quisesse andar informado tinha apenas três possibilidades: ou assinava a publicação em causa, ou ia buscar o jornal à própria redação ou comprava-o na tipografia – o local onde o era impresso. Daí que os ardinas depressa se tenham tornado populares. Só não resistiram ao aumento do peso dos jornais (graças ao crescimento da publicidade e, por consequência, do número de páginas), que acabou com as vendas de sacola ao ombro.

 

Datilógrafo

 

 

Sabias que até aos finais do século XIX todos os documentos oficiais, livros e artigos para jornais eram escritos à mão? Foi nessa altura que uma máquina veio revolucionar a escrita. E não, não foi o computador. Foi a máquina de escrever. Na altura, a popularidade da descoberta foi tal que a datilografia – a arte de escrever à máquina – passou a fazer parte dos currículos do ensino profissional. Nasciam os datilógrafos, que se manteriam em alta até à década de 1990… quando apareceram os computadores.

 

Lavadeira

 

Pernas metidas na água, saia arregaçada e horas a fio a esfregar. Era mais ou menos assim a vida das lavadeiras que até aos anos 50 do século passado iam para o rio tratar da roupa das freguesas. Estas figuras tornaram-se tão populares que inspiraram músicas (“Ó Rosa levanta a saia…”) e filmes (como “Aldeia da Roupa Branca”).

 

Sinaleiro

 

Consegues imaginar as grandes cidades sem semáforos? Não, não é? Mas há mais ou menos um século era exatamente assim (até porque havia bem menos trânsito automóvel do que hoje). Na ausência destes objetos luminosos, eram os sinaleiros – popularmente conhecidos por “cabeças de giz”, por causa do capacete branco que utilizavam – a ditar as leis. Competia-lhes regularizar o trânsito em locais mais movimentados das cidades. Nalguns casos, com gestos espalhafatosos que proporcionavam interessantes coreografias. Acabaram “vencidos” pelos semáforos.

 

Tanoeiro

 

Foi, durante vários séculos, um protagonista importante na vida da cidade. Responsável por construir tonéis e outras vasilhas semelhantes, o tanoeiro assumiu especial preponderância no Porto durante o século XVIII, quando a principal atividade da cidade era o comércio do vinho e o seu transporte por via marítima para os mercados estrangeiros.

 

Texto:Ana Tulha
Fotos: Arquivo Global Imagens