O que fazer para diminuir a pegada ecológica?

O que fazer para diminuir a pegada ecológica?

Tem-se falado muito na carne de vaca, mas o impacto daquilo que comemos no ambiente vai muito além disso. As viagens, as culturas, as embalagens… tudo pesa.

Se tens andado atento às notícias, já te deves ter apercebido de uma decisão tomada pela Universidade de Coimbra (UC). Esta instituição anunciou que, a partir do arranque do próximo ano, os menus das cantinas deixarão de incluir carne de vaca. Será a primeira universidade em Portugal a fazê-lo. E sabes porquê? O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, explicou-o. “Vivemos um tempo de emergência climática e temos de colocar travão nesta catástrofe ambiental anunciada.”

Daí que os responsáveis pela universidade tenham decidido “diminuir aquela que é a fonte de maior produção de dióxido de carbono que existe ao nível da produção de carne animal”. Até agora, por ano, eram consumidas nas 14 cantinas universitárias da UC perto de 20 toneladas de carne de vaca. Sim, é muita carne. E muita poluição.

 

 E a culpa é das vacas?

A digestão do gado tem um impacto significativo no fenómeno das alterações climáticas, nomeadamente no aumento do buraco na camada de ozono. Porquê? Por causa da quantidade de metano que as vacas libertam para a atmosfera durante o processo digestivo. É que os estômagos destes animais, muito diferentes de todos os outros, têm micro-organismos próprios que as ajudam a degradar as plantas que comem. Até aqui, aparentemente, tudo bem. O problema é que esse processo orgânico liberta metano sob a forma de fezes, flatulência (gases) e, em 90% dos casos, eructação (arrotos). E basta deixar de comer carne de vaca para o planeta se salvar? Antes fosse assim tão simples. Na verdade, quando falamos de alterações climáticas e de pegada ecológica – o impacto e as consequências que atividades humanas como o comércio e a indústria têm no meio ambiente -, há várias coisas a ter em conta. Que pouco têm a ver com a carne de vaca.

 

 A distância, o cultivo, as embalagens

Uma questão importante é a distância entre o local de produção e o local de consumo. Já deves ter reparado, por exemplo, que na secção de frutas dos supermercados são imensos os produtos vindos de outros países. Ora, isso implica que tenham de ser transportados, de avião ou barco. O que significa isso? Mais gases emitidos para a atmosfera, mais poluição, mais alterações climáticas a caminho.

O investigador João Camargo, especialista no tema, explicou ao TAG uma outra questão, que se prende com o facto de nos termos habituado, globalmente, a um reduzido número de produtos, quer sejam originários do nosso país ou de outro qualquer. O que é que isso significa? “Por exemplo, nós podemos produzir ananases e mangas em Portugal. Só que os nossos solos não estão preparados para isso. Se o quisermos fazer, isso vai ter um impacto enorme em termos de consumo de água e de injeção de produtos químicos.”

E o problema é que cada vez mais se faz isso em todo o Mundo. Há ainda uma outra questão, que se prende com o acondicionamento dos produtos: é que todos os papéis, caixotes e paletes usados nesse processo têm um impacto no meio ambiente. Se forem embalagens de plástico então… nem se fala.

 

Uma vaca polui mais do que um carro? Lê aqui o artigo que o TAG publicou.

 

Texto: Ana Tulha