Palestra sobre macroalgas na Secundária João Gonçalves Zarco

Palestra sobre macroalgas na Secundária João Gonçalves Zarco

No âmbito do projeto Escola Azul, alunos da Escola Secundária João Gonçalves Zarco (ESJGZ), Matosinhos, assistiram, no dia 25 de fevereiro, a uma palestra subordinada ao tema “O Papel das Macroalgas Marinhas na Sustentabilidade do Planeta”. Foi proferida pelo Doutor Rui Pereira – Biólogo de formação, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), e, atualmente, um dos gestores da empresa A4F- “Algae for future”. (uma empresa com mais de 15 anos de experiência no setor da Biotecnologia de Algas).

No início da palestra, o professor apresentou algumas características específicas das algas:

As algas são um grupo muito heterogéneo de organismos. O que têm em comum é o facto de a maior parte delas serem autotróficas e fotossintéticas. A grande divisão dentro das algas é umas serem micro e outras macroalgas.

Seguiu-se uma breve exposição sobre os métodos de cultivo de algas utilizados atualmente.

Existem hoje duas formas, essencialmente, de produzir algas, duas tecnologias: uma é a aquacultura no mar, em “águas abertas”, mais ou menos perto da costa; e a aquacultura em terra, em menor escala, que normalmente tem maiores custos de investimento e produção, mas um controlo muito maior.

Por último, mas não menos importante, o professor explicou as diversas aplicações das macroalgas no presente e as expectativas de utilização para o futuro:

Hoje em dia, as algas podem ser usadas como fertilizante, para a alimentação humana direta, para a obtenção de ficocolóides (polissacarídeos com diferentes propriedades químicas úteis), como suplementos para rações (para estimular, por exemplo, o sistema imunológico dos animais), na cosmética, na nutracêutica, na farmacêutica e como fonte de bioetanol (combustível). As aplicações emergentes são os biofuels (que contribuem para a mitigação do dióxido de carbono – CO2), os biofertilizantes, a biorremediação (para remover nutrientes em excesso da água – “limpar” a água e reutilizá-la) e os bioplásticos.

De seguida, teve lugar uma sessão de perguntas e respostas, sendo algumas delas transcritas abaixo:

Poderão as macroalgas ser alteradas geneticamente para fazer com que cresçam mais depressa ou produzam um composto útil em menor período de tempo?

Tecnicamente, para algumas algas parece ser possível começar a fazer isso. A investigação sobre as macroalgas ainda está muito no início nessa parte da composição molecular e da genética. A genética tem sido muito mais usada na parte da caracterização das capacidades de cada espécie do que propriamente na sua alteração e manipulação. No entanto, não é prática comum, porque os consumidores não a procuram.

Qual a principal função dos bioplásticos extraídos destas algas?

A principal aplicação é para a produção de biofilmes, como, por exemplo, o papel de celofane, usado nas nossas cozinhas, e, depois, em empresas de grandes dimensões pode evoluir para outras aplicações.

Poderá o uso das macroalgas contribuir para minimizar os efeitos das alterações climáticas?

Essa pergunta é muito pertinente, pois é discutida em todo o mundo, porque, para esses efeitos se fazerem sentir, é necessário produzir macroalgas em grande escala e isto vai ter, por um lado, impactes positivos, mas também pode vir a ter negativos, portanto a comunidade científica, hoje, debate-se em encontrar uma solução intermédia.

A resposta dos alunos e professores envolvidos nesta atividade foi muito positiva, tendo os alunos mostrado grande participação e interesse.

Segundo as professoras dinamizadoras, Ângela Falcão e Cristina Machado, esta palestra forneceu aos alunos uma melhor compreensão do papel ecológico das macroalgas no ambiente marinho, bem como informação e sensibilização para o que os investigadores portugueses e empresas estão a fazer no aproveitamento destas algas, como contributo para uma maior sustentabilidade do planeta.

Podes assistir a extratos de um filme da palestra aqui:

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Texto: Alunos do 10º2/edição de texto – João Barreto e Eduardo Ruano/edição de vídeo – Ana Tato