Síria, o país destruído onde as superpotências brincam à guerra

Ali Hashisho/Reuters

Síria, o país destruído onde as superpotências brincam à guerra

Ali Hashisho/Reuters

A Síria é um país da Ásia Ocidental que está em guerra há sete anos. Não é uma história com um fim à vista e não há um lado positivo, mas obriga–nos a pensar nas consequências devastadoras de um conflito. Já imaginaste o que seria teres de deixar a tua família, a tua casa, os teus amigos, a tua escola e rumares a outro país, sem levar nada ou quase nada? Consegues imaginar a tua cidade completamente destruída? Haverá alguma razão válida para uma guerra? Ao lado, contamos-te como tudo aconteceu.

 

1. Os números da guerra 

Estima-se que tenham morrido mais de 350 mil pessoas e que mais de cinco milhões tenham sido obrigadas a sair do seu país, sem nada.

 

2. O retrato da destruição  

Este conflito – que já destruiu cidades inteiras, onde já só se vê prédios esburacados – começou com uma guerra civil, na sequência do que chamamos Primavera Árabe (ler ao lado). Hoje é palco para potências como os Estados Unidos e a Rússia mostrarem quem pode mais.

 

3. A origem: Primavera Árabe  

A origem do conflito está na Primavera Árabe. E o que é isto? É o nome que damos a uma série de revoltas que aconteceram nos países árabes, contra as condições miseráveis em que as pessoas viviam e contra os seus ditadores. O primeiro acontecimento desse género teve lugar na Tunísia, no final de 2010. Não demorou muito a que Zine El Abidine Ben Ali, o ditador que estava no poder há 23 anos, caísse. Isto deu esperança aos povos vizinhos, como o Egito ou a Líbia, onde foram derrubados alguns ditadores, como, por exemplo, Muammar Kadhafi (Líbia) que controlava os destinos do país há mais de 40 anos. Chegou a outros países (Marrocos, Iémen, etc.). Em alguns acabaram por ter lugar eleições, em outros algumas reformas, mas pouco mais. Quando os primeiros protestos chegaram à Síria foram completamente reprimidos por Bashar al-Assad, cuja família está no poder há décadas.

 

  3. A origem: Primavera Árabe  

Mas aquilo que começou por protestos da população contra o regime passou, rapidamente, a um palco de guerra onde a população deixou de ter voz. Às forças de Bashar, apoiadas pelo Irão e pela Rússia, para reprimir qualquer tentativa de o derrubar, opõem-se o Exército Síria Livre, constituído por civis e militares desertores, e o partido da União Democrática, constituído por curdos. Ambos com o apoio da Turquia, da Arábia Saudita, dos Estados Unidos e da União Europeia. Pelo meio, a população foi submetida ao terror e à violência do Estado Islâmico.

 

 5. Crise de refugiados sem precedentes  

Parece tudo horrível, não é? E é. Cinco milhões de sírios foram obrigados a sair das suas casas, a abandonar a família, os amigos, as escolas, para fugirem à guerra. E passaram por coisas piores. Consegues imaginar? Há alguma coisa que justifique uma guerra?

 

 6. Os ataques químicos e uma história sem fim  

Os milhões que saíram enfrentaram a resistência dos vizinhos e da Europa, onde alguns países não os queriam receber. Há ainda centenas a viver em campos de refugiados. Outros permaneceram na Síria à mercê da violência. Há mesmo quem fale de ataques químicos ordenados por Bashar. Recentemente, Estados Unidos, Reino Unido e França bombardearam três alvos militares, aumentando a tensão com a Rússia. E assim continua…

Leonor Paiva Watson