Quando o conflito começou, a Europa tremeu com o que podia acontecer. Com toda a razão. Combates, mortes, refugiados, dois países de costas voltadas, invasão de territórios. É uma página triste na História mundial. E haverá fim à vista?
24 de fevereiro de 2022
Dia em que as tropas russas, com um batalhão de soldados em várias frentes, invadem a Ucrânia, seu país vizinho, com ataques próximos da capital e noutros pontos estratégicos. A Europa estremece. É um dia negro na História mundial. Um abalo para a Humanidade.
Para entender o conflito, é preciso parar no passado e perceber tensões e relações destes países do Leste europeu. Parte do território da Ucrânia fez parte da Rússia durante séculos, o país só se tornou independente em 1991, ano da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Depois há ainda a Crimeia, península no sul da Ucrânia e a sudoeste da Rússia, banhada pelo mar Negro, bastante disputada pela sua localização estratégica e importância comercial. Em 2014, a Rússia invade e anexa a Crimeia às ordens de Putin. Dá para perceber que a convivência nunca foi muito pacífica. E quando se começou a falar da entrada da Ucrânia na União Europeia e na NATO, a Rússia não gostou. Seja como for, a invasão de um país soberano, com um Governo democraticamente eleito, não foi bem vista pela comunidade internacional.
Ataques e contra-ataques
A Ucrânia é invadida e não tem sossego, várias regiões são bombardeadas, com centenas de vítimas civis e militares. A Rússia aperta o cerco à capital Kiev, a cidade de Bucha é alvo de uma ofensiva violenta, Mariupol é sitiada e atacada, a região do Donbass não tem tranquilidade. As populações não têm paz. A Ucrânia reage para defender o seu território. A única ponte que liga a Rússia à Crimeia explode. A Rússia destrói vários pontos de energia elétrica. Há drones no ar, intensificam-se os ataques e os contra-ataques, e o conflito não pára com a Rússia a tentar anexar novas áreas do leste ucraniano.
Números negros
O balanço é assustador. Mais de 43 mil soldados ucranianos foram mortos, mais de 370 mil ficaram feridos, mais de seis milhões de ucranianos foram forçados a sair do país e a procurar refúgio e proteção fora de fronteiras. Do lado russo, há também milhares de soldados mortos e feridos.
Os impactos
E, agora, o que vai acontecer?
Com Donald Trump no poder, as coisas mudam de figura, a situação pode alterar-se com os Estados Unidos a quererem ditar novas regras e a conversar diretamente com Putin. Não se sabe bem o que pode acontecer. A Europa continua preocupada, desdobra-se em reuniões, não quer ser colocada de parte nas negociações sobre o destino da Ucrânia, defendendo um acordo justo com garantias de segurança. Os encontros mais recentes, da semana passada, têm sido inconclusivos, temem-se os planos de Trump que pode tomar decisões à revelia dos líderes europeus.
Em tempos, a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou a tentativa de anexação de territórios ucranianos, numa resolução aprovada por 143 países, que considerava esse ato “uma violação da integridade territorial e soberania da Ucrânia”. Há dias, Emmanuel Macron, presidente de França, falou com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, para garantir o contacto permanente na coordenação de esforços para a guerra terminar. Em breve, deverá haver mais novidades até para se perceber se a promessa de Trump, de acabar com o conflito depois de ser eleito, tem pernas para andar. E, se sim, como tenciona fazê-lo.
Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: António Pedro Santos/Lusa