É certinho: no último fim de semana de outubro os relógios atrasam uma hora para dar início ao horário de inverno. E voltam a adiantar 60 minutos no último fim de semana de março para entrarmos no horário de verão.
Ou seja, neste domingo, dia 27 de outubro, se acordaste às 9 horas, no horário “anterior” já seriam 10 horas, por isso, na prática tens mais uma hora para brincar, passear, estudar, etc. Após o inverno, voltamos a mexer nos relógios a 30 de março 2025, mas nesse caso o dia “encolhe” porque se recua uma hora.
E porque é que muda a hora?
A mudança da hora começou em 1916, durante a I Guerra Mundial, com o objetivo de poupar carvão, o combustível que era utilizado na altura na iluminação. A Alemanha e a Áustria adotaram esta medida e outros países fizeram o mesmo, incluindo Portugal.
A ideia é a hora atrasar quando os dias são mais curtos (com menos luz solar) e adiantar quando há mais luminosidade natural.
O atual regime de mudança da hora em Portugal é regulado por uma lei da União Europeia de 2000, que prevê que todos os anos, em todos os Estados-membros, os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.
Mudança não é consensual
Apesar de estar instituída há muitos anos, a mudança de hora não agrada a todos.
Em 2018, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia propuseram acabar com este regime. Num inquérito feito aos europeus, responderam 4,6 milhões (que representam só 0,85% da população) e mais de 80% disse que não queria a mudança de hora. A proposta foi aprovada pelos eurodeputados em 2019 para entrar em vigor em 2021, mas entretanto a pandemia da covid-19 adiou a questão.
Também o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), num parecer de 2018, concluiu que “a existência da hora de verão em todo o espaço da União Europeia é genericamente benéfica para a população”.
“Porém, poderia ser ainda melhor se a transição em outubro (saída da hora de verão) regredisse para finais de setembro, como se fazia até 1995. (…) Isto também reduziria o período da hora de verão de 7 para 6 meses, permitindo uma maior aproximação à Hora Solar durante o ano”, sugere o Observatório.
Quem não concorda com a mudança da hora alega que a vantagem de poupança energética é atualmente pouco relevante e aponta o impacto que a alteração de horário tem na saúde das pessoas mais sensíveis, nomeadamente, na qualidade do sono, motivando mais fadiga e mudanças de humor.
No entanto, o Observatório Astronómico de Lisboa concluiu que “estas perturbações são muito limitadas no tempo: poucos dias na vasta maioria das pessoas”.
Texto: Sandra Alves
Foto: Rui Coutinho/Arquivo