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A Índia conquistou a Lua. E fez-se história porquê?

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É o primeiro país a conseguir aterrar, com sucesso, uma sonda no polo sul da superfície lunar. E isto aconteceu logo depois do falhanço da Rússia. Está aberta uma nova corrida à Lua, com ambições científicas e políticas.

 

A conquista

 

Chama-se Missão Chandrayaan-3, foi lançada em julho, e orbitou a Terra várias vezes para ganhar a velocidade necessária antes de seguir até à superfície lunar. A Índia tornou-se o primeiro país a fazer aterrar com êxito uma sonda espacial não tripulada (sem humanos) no polo sul da Lua. O feito inédito aconteceu a 23 de agosto, quatro anos depois de os indianos terem falhado a primeira tentativa. É importante perceber que até agora só os Estados Unidos, a União Soviética e a China tinham alunado uma sonda na Lua, mas nenhuma destas potências o tinha conseguido no polo sul, onde se suspeita que existam reservas de água congelada. Por isso é que este foi um momento histórico.

 

A importância no campo científico

 

A proeza de aterrar no polo sul da superfície lunar é relevante porquê? Esta zona é conhecida como a face escura da Lua, abriga crateras que nunca receberam luz solar, daí acreditar-se que guarda grandes reservas de água congelada. Se se confirmar, esta área poderá servir de base para futuras missões espaciais com humanos para Marte e outros planetas. Ou seja, seria um local que os astronautas ocupariam, já que eles precisam de água. Mas, antes, é preciso verificar se isso é viável.

A sonda Chandrayaan-3 está equipada com um veículo robótico de 26 quilos que, separando-se do aparelho principal, vai explorar o local e realizar uma série de experiências científicas. Vai, por exemplo, tentar determinar a composição elementar da área de aterragem. Também vai medir a temperatura ou a sismicidade nesta região da Lua. A primeira imagem captada pela sonda indiana mostrou uma zona relativamente plana.

Foto: ISRO / AFP

 

A corrida, os Estados Unidos e o falhanço da Rússia

 

Nos últimos anos, arrancou uma nova corrida à Lua, com países como os Estados Unidos, a China, a Índia e a Coreia do Sul a mostrarem as suas ambições. E também a Rússia, que a 20 de agosto viu a sonda Luna-25 despenhar-se no polo sul da Lua. A Luna-25 era a primeira missão espacial russa da era pós-soviética (a última tentativa foi feita em 1976, há 47 anos), mas correu mal.

Para o futuro, já se sabe que os Estados Unidos, através do programa Artémis da NASA, têm o objetivo de fazer aterrar nesta zona da Lua a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro. Como sabes, até hoje, só os Estados Unidos conseguiram ter astronautas a pisar a Lua. Foi entre 1969 e 1972, todos homens. A nova tentativa está prevista para 2025. Mas a China também já anunciou planos para enviar uma missão tripulada ao satélite até ao fim da década. Resta-nos esperar para ver.

 

Qual é o interesse político?

 

Esta não é uma corrida só científica, é também política. Não é por acaso que as duas atuais maiores potências do Mundo, Estados Unidos e China, estão nesta competição. Além dos interesses económicos, está em causa a soberania geopolítica e tecnológica. E enquanto Marte não é um destino viável, a conquista da Lua pode ser o símbolo da supremacia mundial, como aconteceu há meio século. Só que desta vez a antiga União Soviética não é a grande rival dos Estados Unidos, mas sim a China. Outro fator a pesar nesta corrida ao Espaço é a geração de tecnologia de ponta para uso na Terra, inclusive armas.

 

Texto: Catarina Silva
Foto: R.Satish Babu / AFP