Quando a Santa Casa de Lisboa anunciou que iria fazer cortes em patrocínios, levantou-se uma onda de consternação. O financiamento ao desporto estava em perigo. Entretanto, o Governo meteu-se no assunto e ficou tudo como estava.
Apostar e ajudar. Como funciona?
A Santa Casa da Misericórdia, instituição nacional, explica como funcionam os jogos e os apoios. As palavras são da instituição. “Os Jogos Santa Casa garantem o retorno à sociedade das receitas obtidas através das apostas nos Jogos Sociais, seja sob a forma de prémios, remunerações pagas aos mediadores pelos apostadores, imposto do selo que incide sobre as vendas e sobre os prémios, resultados distribuídos aos beneficiários, deduções legais sobre as vendas brutas para promoção do desporto, patrocínios e investimento da legalidade e do jogo responsável.” A receita dos seus jogos tem destino, portanto, é para ajudar quem precisa e apoiar vários setores da sociedade.
Para onde vai o dinheiro?
A receita dos jogos sociais é distribuída, segundo percentagens definidas por lei, por um vasto número de entidades que trabalham em áreas muito diversas: promoção da educação, combate à pobreza e à exclusão social, proteção civil, combate à violência doméstica, bem como estruturas das áreas da saúde, cultura e desporto. Quando, há poucos meses, a Misericórdia de Lisboa informou cortes em patrocínios no setor desportivo, devido à quebra de receitas, falava-se em mais de 52 milhões de prejuízos em junho passado. Muitos dirigentes desportivos ficaram apreensivos.
O que estava em causa?
A Santa Casa tem vindo a apoiar financeiramente a Confederação do Desporto de Portugal e as federações de atletismo, equestre, motociclismo, andebol, canoagem, ciclismo, futebol, ginástica, judo, natação, patinagem, remo, râguebi, surf, ténis de mesa, triatlo, voleibol e desporto para pessoas com deficiência. Com menos dinheiro em caixa, lá está, anunciou um corte de patrocínios a rondar os quatro milhões de euros e avisou que iria rever o plano de apoio às federações desportivas. O Governo entrou em campo e acabou por voltar tudo ao início.
Quem raspa raspadinhas?
Os mais velhos, sobretudo mulheres, pessoas com baixos rendimentos e com pouca instrução escolar. Estas são algumas das conclusões do estudo nacional “Quem paga a raspadinha?”, realizado pela Universidade do Minho. Há mais indicadores preocupantes: a raspadinha é um vício que afeta cerca de 100 mil adultos no nosso país, dos quais à volta de 30 mil apresentam perturbações de jogo patológico. Dá que pensar. E todos reconhecem que são necessárias mais medidas nesta matéria.
Podes jogar? Não
A venda de qualquer jogo social do Estado é proibida a menores de idade, está na lei. A proteção de menores de 18 anos faz, aliás, parte da política de jogo responsável.
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Texto: Sara Dias Oliveira
Foto: André Rolo / Global Imagens