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Agora é de vez: adeus escudos!

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O prazo para a troca das últimas notas acaba a 28 de fevereiro, 20 anos depois de o euro ter entrado nas carteiras dos portugueses. Afinal, que vantagens e desvantagens trouxe a moeda única?

O prazo para a troca das últimas notas de escudos acaba amanhã e o nosso país despede-se de vez do escudo português. Segundo o Banco de Portugal, a uma semana do fim do prazo, ainda estavam por trocar notas no valor de 187,5 milhões de euros, sendo que as da série dos Descobrimentos (a única que ainda pode ser trocada) correspondem a 94,6 milhões. Vinte anos depois da entrada do euro no país, todas as notas da última série têm agora de ser trocadas. As de séries anteriores, bem como as moedas, já prescreveram, ou seja, já não podem ser trocadas por euros. São cinco as notas que ainda podem ser trocadas: a de dez mil escudos pode ser trocada por 49,88 euros; a de cinco mil escudos por 24,94 euros; a de dois mil escudos por 9,98 euros; a de mil escudos por 4,99 euros; e a de 500 escudos por 2,49 euros.

Mas temos que ir ao princípio desta história. O euro foi criado em janeiro de 1999 e tornou-se, nesse ano, na moeda de quase 300 milhões de pessoas, de 11 países da Europa. Vários estados europeus, incluindo Portugal que fez parte do grupo dos primeiros países a adotar o euro, passavam a ter a mesma moeda. As moedas nacionais – como os escudos portugueses, os marcos alemães ou os francos franceses – deixavam de existir para passar a haver uma só divisa. Uma autêntica revolução, uma das mudanças mais extraordinárias da história da Europa.

Naquela altura, para o nosso país, foi fixado que um euro correspondia a 200,482 escudos. Mas durante três anos o euro ainda foi uma moeda “invisível”, era apenas usado para fins contabilísticos, como pagamentos eletrónicos. Só em janeiro de 2002 é que as notas e moedas físicas de euro chegaram, de facto, aos bolsos das pessoas. Hoje, é a segunda moeda mais importante do Mundo e já é usada em 19 países.

 

 Mais circulação, menos soberania

Afinal, que vantagens é que isto trouxe? O euro veio facilitar a circulação na Europa e o turismo, porque deixou de ser preciso trocar a nossa moeda pela dos outros países. Também permitiu mais transparência no comércio transfronteiriço, porque facilita a comparação de preços, elimina as flutuações das taxas de câmbio entre moedas e os custos de transação. A reboque da diminuição do risco das flutuações, as taxas de juros nos empréstimos bancários ficaram mais baixas. E garantiu mais capacidade para competir no mercado internacional com moedas como o dólar dos Estados Unidos e o iene do Japão.

Mas também trouxe desvantagens. O euro não só fez disparar a concorrência entre as empresas, graças a um mercado mais global, como fez Portugal perder soberania sobre a taxa de câmbio e as taxas de juro. O nosso país deixou de ter uma política monetária, financeira e cambial independentes. No tempo em que Portugal tinha a própria moeda, se a economia estivesse em dificuldades, podia reduzir as taxas de juro ou desvalorizar a moeda para combater a recessão. Agora, não. Além disso, a disparidade entre as economias dos 19 países criou uma moeda a duas velocidades. Por exemplo, a economia alemã é mais forte do que a de Portugal, Grécia ou Espanha, mas as decisões económicas do Banco Central Europeu são fixadas para toda a Zona Euro.

 

 Uma história de altos e baixos

Certo é que a utilização da moeda única tem vindo a crescer desde a sua criação, com cada vez mais países a aderirem. Mas as duas décadas do euro também ficam marcadas por momentos baixos, nomeadamente a crise financeira internacional em 2008 e a crise da dívida pública da Zona Euro, que começou em 2009. Basta recuarmos a 2010, ano em que a União Europeia lançou o primeiro resgate da Zona Euro à Grécia para evitar a bancarrota. Portugal veio a seguir, todos se lembram dos tempos da troika. E, com altos e baixos, a verdade é que o euro já se entranhou na vida dos portugueses.

Texto: Catarina Silva