A bolsa de valores é um universo particular com termos algo técnicos e transações constantes. No fundo, e simplificando a coisa, funciona como uma loja onde se compram e vendem ativos financeiros. No fim de contas, são investimentos que influenciam preços.
Negociar, comprar, vender
É como uma loja. Se precisas de sapatilhas, vais a uma sapataria. Se precisas de roupa, podes ir a um centro comercial. Se te apetece bolos, vais a uma pastelaria. Se, algum dia mais tarde, quando fores mais crescido, quiseres comprar ou vender ativos financeiros, podes fazê-lo através da bolsa de valores, que é, tecnicamente falando, um mercado organizado onde se negociam ações de sociedades de capital aberto e outros valores, como as famosas ações. Para quem está fora deste sistema, tudo parece confuso. Para quem está habituado, é simples perceber como tudo funciona.
Como funciona
Ora bem, funciona através das interações entre quem vende e quem compra, nessa dinâmica de mercado, que influencia o comportamento dos preços, aumentando ou descendo. Ora aqui está o poder e a importância das bolsas de valores, entre outras virtudes. Vejamos um exemplo para ser mais simples de entender. Se uma ação de uma determinada empresa for muito procurada, o preço tende a subir. Se houver pouco interesse, o preço baixa. Uma ação, nesta linguagem financeira mais técnica, é uma fração de uma determinada empresa cotada em bolsa (e já lá vamos), que garante alguns benefícios. Isto é, se comprares ações de uma firma, tornas-te sócio e podes até ter direito a voto nas assembleias dessa empresa, dependendo da quantidade de ações que adquirires.
Os participantes e suas funções
Para perceberes melhor como tudo acontece, tens de saber quem são os agentes que participam neste mercado tão peculiar chamado bolsa de valores. Temos os emissores, ou seja, as entidades que emitem os títulos que são negociados. Temos os reguladores, isto é, as instituições que supervisionam o funcionamento do mercado bolsista e determinam normas de controlo. Temos os intermediários, corretoras de bolsa ou agentes de bolsa e que cobram uma comissão por cada transação, através dos quais o investidor compra ou vende. E temos os próprios investidores, aqueles que aplicam o seu dinheiro em títulos ou ações com o objetivo de terem lucro – pode ser uma pessoa por sua conta e risco, podem ser bancos, companhias de seguros, fundos de investimentos, ou seja, entidades institucionais.
O que está em causa
Além de definir comportamentos de preços, o mercado da bolsa de valores gere a oferta pública e a procura, negoceia diferentes tipos de ativos financeiros. A bolsa de valores tem vários objetivos, desde logo, desenvolver o mercado de capitais, desde que intermediários e clientes estejam em contacto para negociar instrumentos financeiros. Regula o mercado, permite transações, facilita a poupança. Tudo transparente e ético, dizem os entendidos na matéria.
Não é coisa moderna, é coisa de séculos
Não há consenso sobre a sua origem, pode ter nascido na Roma Antiga ou na Grécia Antiga ou até nos bazares da Palestina, onde os comerciantes se reuniam para tratar de negócios. No entanto, bolsa de valores como se entende hoje remonta a meados do século XV. Em 1487, na Bélgica, a palavra bolsa ganhou o seu sentido financeiro, quando homens de negócio se reuniam em casa de um senhor brasonado, que tinha três bolsas no desenho desse brasão, para comprar e vender moedas, metais preciosos, letras de câmbio. A partir dessa altura, surgem mais bolsas na Europa. E, se antigamente, se usava o pregão para anunciar, alto e bom som, os valores dos negócios, agora o registo de ofertas é feito num sistema eletrónico. Neste momento, até já se usa um algoritmo que executa instruções e ordens de compra e venda.
Empresa cotada em bolsa
Empresa cotada em bolsa, talvez já tenhas ouvido falar, significa que tem a totalidade ou parte das ações representativas do respetivo capital social admitido à negociação em mercado regulamentado, e tem obrigatoriamente de publicar regularmente informações financeiras. A tal transparência.
Os critérios que definem a posição de uma bolsa em relação às outras são o número e o volume de transações realizadas durante o ano, a quantidade de empresas listadas, o valor de mercado da bolsa, e o tempo de existência. Segundo estes critérios, as cinco maiores bolsas mundiais são:
1. New York Stock Exchange (NYSE)
A NYSE é a bolsa de valores mais antiga dos EUA – fundada em 1792 – e é também o principal mercado de valores do Mundo (mais de 21 triliões de dólares em valor de mercado e cerca de 2700 empresas listadas). Está localizada na ilha de Manhattan, em Wall Street, o principal centro financeiro global.
2. Nasdaq Stock Market (NASDAQ)
Fundada em 1971, reúne ações de grandes companhias de tecnologia, telecomunicações, biotecnologia e eletrónica, e pertence ao conglomerado NASDAQ OMX Group que controla outras oito bolsas de valores localizadas nos países nórdicos da Europa.
3. Bolsa de Valores de Londres (LSE)
Fundada em 1801, é composta por ações das maiores empresas britânicas. Pelo seu tamanho, influencia as demais bolsas menores da Europa. Representa, em valor de mercado, seis triliões de dólares, de três mil empresas listadas.
4. Tokyo Stock Exchange (TSE)
Fundada em 1878, foi a primeira bolsa do Mundo a abrir diariamente. Em 2012, fundiu-se com o mercado de ações de Osaka, dando origem ao Japan Exchange Group.
5. Shanghai Stock Exchange (SSE)
Essa é a bolsa de valores da China e foi fundada em 1990. Representa quatro triliões de dólares em valor de mercado e tem mil empresas listadas.
Texto: Sara Dias Oliveira
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