As alterações climáticas impedem milhões de crianças de irem à escola

As alterações climáticas impedem milhões de crianças de irem à escola

Incêndios, ondas de calor, ciclones, inundações… Os fenómenos climáticos extremos prejudicaram o ensino de pelo menos 242 milhões de estudantes em 85 países, em 2024, segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado no Dia Internacional da Educação (24 de janeiro).

Portugal também consta neste documento, com a Unicef a estimar que 16.093 alunos foram afetados por interrupções escolares causadas pelos incêndios florestais de 2024, devido à “destruição de infraestruturas escolares até à suspensão de aulas por razões de segurança”.

Estes impactos, além de limitarem o acesso à educação, afetam o bem-estar físico e emocional das crianças, acentuando desigualdades já existentes e ameaçando o futuro dos alunos, explica a Unicef.

Quanto ao resto do mundo, o relatório “Aprendizagem interrompida: panorama global das interrupções escolares relacionadas com o clima em 2024” refere que, pelo menos, 242 milhões de estudantes foram afetados em 85 países.

E destaca as ondas de calor como o principal risco climático a nível mundial, com mais de 118 milhões de estudantes afetados, nomeadamente devido ao encerramento de escolas, apenas no mês de abril do ano passado.

“Nesse período, o Bangladesh e as Filipinas enfrentaram encerramentos generalizados de escolas, enquanto no Camboja os horários escolares foram reduzidos em duas horas diárias”. Em maio, inundações destruíram mais de 110 escolas no Afeganistão. Outro exemplo é Moçambique, onde os ciclones são recorrentes e mais de 150 mil alunos foram afetados nos últimos dois meses.

“A educação é um dos serviços mais afetados pelas perturbações causadas por fenómenos climáticos, mas é frequentemente ignorada nos debates políticos”, por isso, defende a Unicef em comunicado, “o futuro das crianças deve estar no centro de qualquer planeamento e ação climática”.

Texto: Agência Lusa com edição de Sandra Alves
Foto: André Catueira/EPA/Arquivo