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As mais estranhas tradições de Natal à volta do Mundo

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É a época mais encantadora do ano. Mas será mesmo assim em todo o lado? A carta ao Pai Natal, a árvore, a família à volta da mesa, os presentes. As nossas tradições estão tão enraizadas que nem sequer nos pomos a pensar sobre os costumes natalícios noutros países. A verdade é que nem todos são alegres e alguns chegam até a ser assustadores.

Em Espanha há o Tió de Nadal

O Tió de Nadal (em português, Tio de Natal) é uma personagem que está presente em casa de muitas famílias da Catalunha, Espanha, por esta altura. Um tronco de madeira oco, com uma cara sorridente pintada num dos topos. A partir de 8 de dezembro, dá-se ao tio um pouco de comer todas as noites e cobre-se o tronco com um cobertor para que ele não tenha frio. Reza a tradição que as crianças devem cuidar bem do tio, mantendo-o quente e alimentado, para que no dia de Natal ele defeque os presentes. Também por isso é conhecido por “Caga Tio”. Na hora dos presentes, bate-se no tronco com paus, enquanto se cantam músicas típicas. É então que se levanta o cobertor e lá estão as prendas defecadas pelo tronco, habitualmente doces e pequenos brinquedos (os presentes grandes, manda a tradição espanhola, só são trazidos pelos Reis Magos, a 6 de janeiro).

 

Áustria e Alemanha: o Pai Natal demoníaco

Nestes países, além do Pai Natal, também há, imagine-se, uma versão demoníaca do senhor de barbas brancas. Chama-se Krampus, assemelha-se ao diabo e é uma criatura peluda com chifres. A figura mitológica existe para punir as crianças que se portaram mal durante o ano. Enquanto os meninos que se portaram bem recebem presentes do Pai Natal, os que se portaram mal podem ser levados por Krampus. A 5 de dezembro, mais conhecida como a “Noite de Krampus”, é normal ver austríacos vestirem-se como esta criatura e assustarem pessoas na rua.

Os Países Baixos têm uma tradição semelhante, mas em vez de Krampus, a figura assustadora chama-se Zwarte Piet, é ajudante do Pai Natal, tem a cara pintada de preto e há muito que gera controvérsia no país (por causa do racismo, mas, supostamente, a cara preta é por entrar nas chaminés das casas). Polémicas à parte, a tradição manda que, também no dia 5 de dezembro, homens com a cara coberta de tinta preta saiam à rua para distribuírem brinquedos e guloseimas pelas crianças bem comportadas. Já as que se portaram mal durante o ano, reza a lenda, são levadas para Espanha.

 

Espíritos e bruxas na Noruega, um filme na Suécia here

Na Noruega, acredita-se que as bruxas e os espíritos maus visitam as casas na véspera de Natal. Então, para o evitar, todas as vassouras que possam ser roubadas pelas bruxas são escondidas. Já na Suécia, há um fenómeno bem mais aconchegante, que se repete ano após ano. É claro que assistir a um filme natalício é algo comum, só que os suecos levam a tradição muito a sério. Na véspera de Natal, as famílias reúnem-se por volta das três da tarde para assistirem ao especial da Disney “From All of Us to All of You”, que é transmitido sempre à mesma hora e no mesmo canal desde 24 de dezembro de 1959. Sempre que o canal de televisão tentou mudar a hora ou o programa, a população revoltou-se.

 

No Japão, come-se fast food

Por mais estranho que possa parecer, a verdade é que no Japão o Coronel Sanders, o fundador da cadeia de fast-food KFC, tornou-se numa figura talvez ainda maior do que o próprio Pai Natal. Tudo graças a uma campanha publicitária de 1974, que fez tanto, mas tanto sucesso, que hoje em dia grande parte das famílias japonesas come KFC no Natal. Sim, o frango frito. Enquanto por cá comemos bacalhau, peru, polvo, rabanadas, no Japão é comum comer-se fast food, e o preço dos baldes de frango dispara na véspera e no dia de Natal.

 

Uma batalha no Peru, a Queima do Diabo na Guatemala

Em algumas regiões do Peru, 25 de dezembro é dia de batalha organizada na forma de festival, o Takanakuy. O nome significa reconciliação e novos começos. Neste dia, as pessoas mascaram-se e depois fazem duelos para resolver quezílias antigas, acontecem verdadeiras lutas entre membros da comunidade num ringue ao som de música folclórica. É uma espécie de catarse social para resolver conflitos. Já na Guatemala, uma semana antes do Natal, os guatemaltecos amontoam o lixo na rua, depois fazem um espantalho em forma de diabo e queimam tudo. Para manter o mal fora da casa. Chamam-lhe a Queima do Diabo.

Texto: Catarina Silva