“In My Feelings”, “Momo” e “Baleia Azul” são alguns exemplos de desafios que se jogam na internet. Não são bonitos, não trazem nada de bom e nem sequer são fixes.
O assunto que te trago hoje é sério. Nem tudo o que reluz na internet te vai fazer brilhar. E eu estou aqui para te ajudar a perceber o quê e o porquê, sobretudo como sair fora. Mas para isso terás de ler este texto até ao fim. Acompanhas-me?
Desafios que surgem na net
Nos últimos tempos são muitos os desafios ou jogos que os internautas propõem na internet, como por exemplo, o “In My Feelings” – o mais recente – a “Momo” ou a “Baleia Azul”. No primeiro desafio, do outro lado do ecrã incitam a sair do carro em andamento ao som da música de Drake, precisamente “In My Feelings”. Recentemente, o músico David Carreira – ouves? – imitou e aderiu a este jogo. E recebeu muitas críticas: “Já tem idade para ter juízo”, “está a pôr-se a jeito de se magoar, “que rico exemplo”. No segundo jogo, a “Momo” apresenta-se como uma figura feminina, assustadoramente feia, no WhatsApp e mete conversa. Como começar uma conversa com alguém com uma foto que se apresenta como um monstro? Depois há o “Baleia Azul”, parecido com a “Momo”. Nestes dois jogos, as pessoas que não mostram a cara, nem se dão a conhecer, fazem ameaças, propõem desafios e brincadeiras sem piada e com consequências terríveis no futuro.
Por que não é fixe
Quem não sonha ser o mais popular? O líder do grupo? O que ganha o respeito da escola inteira? Todos nós. Até os adultos. Mas isso não quer dizer que tenhamos de nos sujeitar a tudo, aceitar tudo e participar em tudo, sobretudo, quando este “tudo” supõe riscos, consequências sérias no teu futuro. O TAG conversou com a psicóloga Ivone Ganso, que, em discurso reto, deixa uma importante mensagem: “Vivemos numa sociedade em que tudo o que é moda predomina nas redes sociais e nos media e é importante lembrar que grande parte dos adolescentes gostaria de fazer parte desses ciclos de moda.”
O criador do portal miudossegurosna.net, e também professor, Tito de Morais, resume ao TAG os cinco Cês que caracterizam os riscos que este tipo de jogo tem para as crianças e jovens como tu que me lês: “Conteúdos, Contactos, Comércio, Comportamentos e Copyright”.
Repara, o desenvolvimento cerebral só está completo entre os 20 e os 25 anos. Até lá, esclarece Tito de Morais, “as crianças e jovens são tendencialmente mais vulneráveis aos riscos que podem estar expostos, sejam online ou offline”.
Pergunta-te
Quem está por detrás destes jogos que te fazem perder? “Podem nascer como brincadeiras levadas a sério”, responde o professor, como é o caso do “In My Feelings”, que pode magoar-te a sério fisicamente. Ou “podem nascer de mentes distorcidas”. Aqui, tens o exemplo da “Momo” e do “Baleia Azul”. Porque ameaçam a tua vida e a da tua família, caso não faças certas tarefas de risco. A psicóloga Ivone Ganso comenta que “o papel da vítima não é fácil, tem que lidar com consequências do seu ato, ainda com os ‘porquês’ internos e externos que muitas vezes potenciam a depressão e o isolamento social”.
Como te podes proteger
Há um denominador comum nas respostas de Tito de Morais e Ivone Ganso: família. “O apoio da família e dos amigos é fundamental para ultrapassar a situação”, simplifica a psicóloga, ao mesmo tempo que apela à “união” e ao “voto de confiança” para se conseguir o encontro com a “integridade emocional”. Outro ponto fundamental é a “comunicação aberta que os pais devem ter com os filhos”. “Saber se aderiram a algum jogo e explicar as potenciais consequências”, completa Tito de Morais. Um aspeto fundamental, acrescenta a psicóloga, “é alertar as autoridades locais, de forma a denunciar e receber a informação adequada para saber como agir”. Entretanto, o professor faz saber que coordena um curso de iniciação à segurança de crianças e jovens na internet que ajuda a superar estes casos. Se precisares, já sabes!
Texto: Joana M. Soares