Bullying e cyberbullying são duas expressões de que já ouviste falar. Ambas implicam agredir, humilhar e causar sofrimento a alguém – o bullying na vida real, o cyberbullying no ambiente virtual.
O TAG conversou com as psicólogas Ivone Patrão e Patrícia Gouveia, que te ajudam a perceber tudo sobre o cyberbullying: o que é, o que fazer para evitá-lo, a quem recorrer.
O que é o cyberbullying?
O cyberbullying é, muitas vezes, uma extensão do bullying. Se o bullying implica agressão verbal ou física cara a cara, no cyberbullying a agressão e a ofensa são feitas online, através da Internet.
O cyberbullying manifesta-se através da partilha de textos, fotos e vídeos agressivos ou humilhantes para com outra pessoa, colocando a sua identidade em causa e afectando a sua auto-estima. O facto de o cyberbullying ser praticado através da Internet - nas redes sociais ou através de aplicações de mensagens como o Whastapp - faz com que o agressor não tenha de confrontar diretamente a vítima, sentindo-se menos inibido no momento de agredir, com menos medo de vir a ser castigado e, por isso, mais poderoso.
O cyberbullying pode ser praticado de um para um (apenas entre a vítima e agressor); de um para muitos (um agressor publica algo que muitas pessoas podem ver); ou de muitos para muitos (quando muitos agressores partilham algo que muitas pessoas vão poder ver).
Se estiver a assistir ou colocar um gosto estou a fazer cyberbullying?
Tal como no bullying, no cyberbullying existem três papéis: o agressor, a vítima e o assistente/testemunha. Como alguém que assiste estás a contribuir para o ciclo da agressão, mesmo que não estejas de acordo com o que se está a passar. Podes estar a fazê-lo porque tens medo de ser vítima ou porque queres pertencer a um grupo, mas nunca te esqueças que a vítima está a sofrer.
O que deves fazer nesta situação é falar com um professor, com o diretor de turma, com um colega mais velho ou com os teus pais e pedires ajuda.
Posso estar a fazer cyberbullying sem saber?
Sim. Há brincadeiras online que parecem inofensivas mas que podem estar a ofender ou magoar um amigo ou colega. A linha entre a brincadeira e a ofensa, por vezes, pode ser ténue. Quando tiveres dúvidas, partilha-as com os teus pais, ouve a opinião deles, e coloca-te na posição da pessoa com quem estás a brincar: gostavas que te fizessem o mesmo a ti?
A Internet faz com que tudo pareça pior?
Sim. O bullying implica que a vítima, o agressor e quem assiste estejam no mesmo espaço físico, sendo a reacção da vítima imediata e a agressão/ humilhação vista apenas pelas pessoas que se encontram no mesmo local.
No cyberbullying, esta situação muda completamente. Primeiro, a vítima pode não saber quem é agressor ou agressores, que podem refugiar-se no anonimato que a Internet permite, por exemplo, através da criação de perfis falsos. Depois, a vítima vai ter de ver a mensagem/agressão para poder reagir a ela, o que não é imediato. Muitas vezes, só se descobre que se está a ser vítima de cyberbullying muito mais tarde, quando a situação já tomou grandes proporções. A Internet permite que uma mensagem ou imagem humilhantes cheguem a muito mais pessoas, dando uma dimensão muito maior à ofensa e à humilhação.
Se o bullying apenas é presenciado por quem está à volta, o cyberbullying pode ser visto, comentado e “gostado” por milhares de pessoas. Como diz a psicóloga Patrícia Gouveia, “no cyberbullying não há hora nem limite para a agressão, porque as tecnologias facilitam o acesso à vítima”.
O que posso fazer para evitar ser vítima de cyberbullying?
Há algumas regras básicas: não partilhares as passwords das tuas redes sociais e do email com colegas e amigos; teres cuidado com as fotografias e vídeos que publicas online ou partilhas em mensagens privadas, evitando expores-te demasiado; teres perfis fechados ao público e aceitares apenas pessoas que conheces; teres em atenção ao que publicas nas mensagens temporárias como as Instastories, uma fez que é possível fazer “printscreens” que ficam para sempre.
O que posso fazer para evitar ser vítima de cyberbullying?
Pedir ajuda! Se fores vítima de bullying ou cyberbullying não podes ter vergonha e tens de pedir imediatamente ajuda para evitar que o ciclo de violência se prolongue. Na escola ou em casa, encontrarás sempre alguém que te vai ajudar.
O que é que os pais podem fazer?
Os pais devem monitorizar tudo o que fazes na Internet, ter as tuas passwords e conversar contigo sobre os teus comportamentos e responsabilidades online. A Internet é uma ferramenta poderosa e temos que saber utilizá-la da melhor forma, respeitando os mesmos princípios que nos orientam na vida real. Se os teus pais estiverem atentos, perceberão se estás a ser vítima ou agressor nas tuas relações online.
Se estiveres a ser vítima, deves falar com os teus pais e eles devem fazer queixa na escola ou junto das autoridades. Se fores agressor, os teus pais devem procurar uma ajuda especializada para perceber o que motiva esse comportamento.