18 de julho é o Dia de Nelson Mandela, um extraordinário defensor global da dignidade e da igualdade. Esta era a data do seu aniversário.
Mandela deixou-nos um legado impressionante e marcou as gerações para o futuro: com a sua atitude e espírito de resiliência, provou-nos que é possível “remar contra a maré” e reconstruir a alma de um país com princípios como a aceitação do outro, o perdão – mesmo quando dói muito – em nome de um bem comum, a união.
Nelson Mandela, ou carinhosamente tratado pelo seu povo como “tata”(= pai) ou Madiba (do seu clã), é mundialmente reconhecido como o grande impulsionador da luta contra o Apartheid, contra o racismo e por ter colocado a sua vida ao serviço da humanidade. Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1993.
Rolihiahia Dalibhunga Mandela nasceu em Mvezo, África do Sul, em 1928, e aí faleceu também (2013). Na escola básica, teve de adotar um nome “europeu” e ganhou-o de um famoso almirante inglês, Nelson.
Cresceu sob o domínio de um regime que constrangia as liberdades dos negros, para proteção da comunidade branca do país, a raça considerada superior. Leis instituíam a vida apartada: havia passadeiras nas ruas para brancos e para “os outros”, autocarros só para brancos, teatros, cinemas, bancos de jardim, lugares para passar numa praça, tudo era separado. E era isso mesmo que significava o “apartheid” = separação. Era proibido o casamento inter-racial, todos tinham que ter na certidão o registo da raça, bairros só para brancos e só para negros, assim como escolas, hospitais, praças…
Esta falta absoluta de liberdade e os constrangimentos que afetavam a vida dos negros provocavam com frequência insurreições e massacres da população negra. Muitos, tal como Mandela, lutaram pelo fim do Apartheid, feito que parecia impossível de tão enraizado que estava na vida dos sul-africanos. Madiba formou-se como advogado, envolveu-se nesta luta e acabou preso durante 27 anos.
As suas ações e escritos mobilizaram o mundo e inspiraram muitas personalidades de todos os quadrantes (Bono, dos U2, por exemplo). Organizaram-se protestos contra o Apartheid, concertos solidários, etc. E o que parecia impossível aconteceu: Madiba foi libertado pelo então presidente daquele país, Frederik de Klerk, ganhou as primeiras eleições democráticas e tornou-se ele o presidente de todos os sul-africanos. Sobretudo, espalhou a sua mensagem e exemplo de perdão, em nome da reconstrução pacífica do país, e todos o seguiram. Hoje, a África do Sul é um país democrático, onde se defende que todas as raças coexistam ali sem discriminação.
O Dia Internacional Nelson Mandela
Quando a ONU anunciou o Dia de Nelson Mandela, em 2009, Madiba ainda estava vivo e convidou os povos do mundo a honrá-lo, ajudando as suas comunidades e espalhando assim, pelo mundo, a justiça social e a liberdade para todos, defendidas por ele. O que ele desejava era que, pelo menos nesse dia, as pessoas assumissem gestos simbólicos e positivos de acordo com a sua visão humanitária.
Ouve o testemunho da sua mulher, Graça Machel em 2018, para perceberes melhor o alcance de ação deste grande senhor.
Texto: Maria José Pimentel
Foto: YUI MOK/EPA/Arquivo