Os Caminhos de Santiago são trilhos marcados por onde passam os peregrinos que se dirigem a Santiago de Compostela para visitar, na catedral dessa cidade, que é capital da Galiza, o memorial de um dos apóstolos de Jesus, S. Tiago ou Santiago.
Este ano, há uma nova rota artística com murais espalhados pelo caminho português de Santiago. É uma exposição de arte ao ar livre intitulada “As Estrelas do Caminho”, promovida pela marca de cerveja Estrella Galicia, iniciada em 2021 no Caminho Francês e que se estende agora a Portugal, entre o Porto e Santiago de Compostela.
Os murais serão pintados em fachadas ou pontes ao longo de 230 quilómetros ( Matosinhos, Barcelos, Ponte de Lima, Rubiães, Tui, O Porriño, Pontevedra, Caldas de Reis e Padrón) e são da autoria da artista galega Lula Goce e do writer português Daniel Eime. Os heróis retratados nos murais, nove pessoas em nove etapas, são peregrinos protagonistas de histórias nos seus percursos até Santiago.
Já estão prontos dois dos murais em Portugal. O primeiro está em Rubiães, dedicado a Joaquim Sá, atleta português de 74 anos, que fez o percurso de ida e volta do Caminho várias vezes.
Foto: Rui Manuel Fonseca/Global Imagens
O segundo homenageia o sineiro galego Enrique Ocampo, cuja família constrói e repara sinos da Catedral de Santiago desde 1630, em Caldas de Reis.
Nas proximidades de cada mural será colocado um marco com informação detalhada sobre cada pessoa retratada. Estes novos marcos farão parte da nova rota artística do Caminho.
Concha de vieira
Os trilhos do Caminho de Santiago são assinalados com o símbolo de uma concha de vieira, para lembrar, porventura, que o corpo do santo deu às costas ibéricas embrulhado nelas após um naufrágio, ou para representar as diferentes rotas dessa peregrinação.
Conta-se que os restos mortais de Santiago Maior apareceram por ali e assim nasceu essa peregrinação no século IX, a qual, até finais do século XX, tinha exclusivamente intenções religiosas de quem fazia os percursos. Os peregrinos (do latim per ægros, “aquele que atravessa os campos”) partiam de diferentes regiões da Europa e dirigiam-se a Santiago de Compostela a pé ou a cavalo.
A partir de 1980, a peregrinação ganhou adeptos que fazem até hoje o Caminho com outros objetivos: é a oportunidade de realizar um desafio e um percurso de ordem espiritual, cultural e social. Também a partir dessa altura, passou a combinar-se a marca da vieira com a de uma seta amarela para marcar o percurso, pintada em muros e estradas.
Foto: Fábio Poço/Arquivo Global Imagens
Percursos na Europa
O Caminho tornou-se muito popular e é percorrido por milhares de pessoas todos os anos a pé, de bicicleta, a cavalo e até de burro. Foi declarado Primeiro Itinerário Cultural Europeu em 1987 e Património da Humanidade (em Espanha em 1993 e em França em 1998).
E que percursos são estes? A Xunta da Galicia tem um pequeno vídeo que podes ver aqui. Os caminhos espalham-se por toda a Europa e vão entroncar nos caminhos espanhóis: entre muitas vias, o Caminho Português, o Caminho Inglês, o Caminho Francês.
Quem o faz tem metas a atingir para ganhar uma “compostela” (documento que certifica oficialmente que fizeste o Caminho, precisas de ter primeiro uma Credencial do Peregrino (que prova que és um peregrino).
Para obter a Compostela, o peregrino deve cumprir três requisitos básicos: fazer o Caminho com motivos religiosos ou espirituais, ter percorrido qualquer das Rotas Jubilares durante, pelo menos, 100 km se for a pé ou a cavalo e 200 km se for de bicicleta e provar que percorreu essa distância. Podes obter a Credencial nas diferentes Associações dos Amigos do Caminho de Santiago, albergues, igrejas, freguesias e Confrarias do Apóstolo Santiago e até em cafés ou balcões dos Correios. Nela, vais reunindo os carimbos dos lugares pelos quais vais passando para provar que fizeste os quilómetros mínimos exigidos. Entra no site O Caminho de Santiago para consultares mais informações e preparares o teu Caminho até Santiago de Compostela.
Texto: Maria José Pimentel