Ana Catarina Veiga, 30 anos, natural do Samouco (município de Alcochete), tinha sido mãe há apenas seis meses quando a pandemia eclodiu. Um vírus perigoso à solta, uma boa parte do Mundo fechada em casa, infetados e mortos a perder de vista. E ela a sentir que tinha de arranjar uma forma diferente de contar tudo aquilo ao filho, assim que ele tivesse idade para o perceber.
“Gabriel e o bicharoco que mudou o Mundo” nasce precisamente desse ímpeto de gravar a história destes tempos estranhos. “A minha ideia foi poder contar-lhe [ao filho que, nada por acaso, se chama Gabriel], quando for maiorzinho, o que foi essa fase e de que forma marcou as rotinas dele e dos outros meninos.”
O mote, explica a autora, foi também fugir “ao lado que todos nós vimos à partida”, dando espaço ao que “saltou à vista dos mais pequenos”. “As coisas boas, como poderem abraçar os pais a qualquer hora e os ótimos bolinhos que se fizeram, e as coisas aborrecidas, como festas de aniversários virtuais e não poder ver os passarinhos no parque.” Ou até as coisas “diferentes”, como desenhar arco-íris para pôr na janela e bater palmas pelos novos heróis.
“Uma história que aborda acima de tudo o que marcou realmente os mais novos e as emoções que toda a situação gerou”, resume Ana Veiga, que não esconde a intenção do livro em deixar uma mensagem maior do que o retrato de um tempo. “Mostrar que no fim o que realmente importa é o amor.”
“Gabriel e o bicharoco que mudou o Mundo” é um livro infantil editado pela Alfarroba.
Texto: Ana Tulha