Há mesmo o risco de um asteroide colidir com a Terra?

Há mesmo o risco de um asteroide colidir com a Terra?

Hipóteses são remotas, pelo menos num futuro próximo, mas há já missões a decorrer para que possamos estar preparados para essa eventualidade. Pequenos meteoritos despenham-se sobre o Planeta diariamente.

 

Quanto maior, menos provável

A história é de conhecimento obrigatório. Há 66 milhões de anos, um asteroide de 16 quilómetros atingiu a zona do Golfo do México, formando a cratera de Chicxulub e provocando gigantescas alterações do clima na Terra que levaram ao desaparecimento de mais de 70% das formas de vida existentes no Planeta. Dinossauros incluídos.

Não foi caso único. Basta ver que na superfície terrestre existem, ainda hoje, cerca de 160 crateras de meteorito com diâmetro superior a um quilómetro. Quer isso dizer que temos razões para nos preocuparmos? Vamos por partes.

Primeiro, importa ressalvar que quanto maior for o corpo rochoso de que falamos, menos provável será o choque com a superfície terrestre. E pelo contrário, quanto mais pequeno, maior a probabilidade. Aliás, há pequenos meteoritos a cair em alguns locais do Mundo com frequência diária, passando muitas vezes despercebidos. Já os asteroides maiores tendem a chocar contra o nosso Planeta em intervalos bem mais largos, que podem variar de muitos milhares até milhões de anos.

 

NEOs

São os chamados NEOs (Near Earth-Object ou Objeto Próximo à Terra). E estima-se que 90% destes sejam conhecidos, principalmente os que têm acima de 140 metros. Graças ao progresso das ciências planetárias, é hoje possível monitorizá-los e calcular o grau de risco de uma colisão futura com a Terra. A NASA tem mesmo um centro responsável pelo acompanhamento contínuo destes corpos. E a boa notícia é que a probabilidade de um objeto de tamanho superior a 140 metros atingir a Terra neste ou no próximo século é de apenas 0,16%. Mas é sempre possível que sejamos atingidos por um corpo de dimensões menores. Ou mesmo por um que ainda não seja conhecido.

 

Osiris-REx e DART

Daí que seja importante estarmos preparados para todas as possibilidades. E é por isso que há já várias missões espaciais em andamento (ou planeadas), com o objetivo de estudar detalhadamente esses corpos e de testar tecnologias que permitam desviá-los, caso venha a haver necessidade disso.

É o caso da missão Osiris-REx, da NASA, lançada em 2016 tendo por alvo o asteroide Bennu, com quase 500 metros de tamanho e uma probabilidade de 0,037% de chocar contra a Terra, entre os anos 2175 e 2199. A ideia é que o braço robótico da Osiris-REx recolha uma amostra (que deverá chegar à Terra em 2023) para ser posteriormente analisada.

Nota ainda para a DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), uma iniciativa conjunta da NASA e da Universidade John Hopkins, que tem como principal missão a testagem de uma tecnologia inédita de defesa planetária para desviar asteroides que possam ameaçar o nosso Planeta no futuro. Um destes testes aconteceu no final do mês passado quando a NASA atingiu propositadamente o asteroide Dimorphos, com o único propósito de avaliar a sua capacidade de lhe mudar a trajetória. Em jeito de aviso, a agência americana reforçou a importância de realizar experiências de salvamento da Humanidade desta natureza, “antes que exista uma real necessidade de o fazer”. Ah, e a missão foi bem-sucedida.

Texto: Ana Tulha